Saúde

Alergia ao sol: conheça os sintomas e aposte na prevenção

Comummente conhecida como alergia ao sol, esta reação à exposição solar é um problema que se intensifica durante o verão. João Pedro Azevedo, imunoalergologista do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu, explica os diferentes tipos de fotossensibilidade à luz solar, quais os cuidados a ter e como se deve proteger.

Untitled-7 Untitled-7 Untitled-7
Alergia ao sol: conheça os sintomas e aposte na prevenção Alergia ao sol: conheça os sintomas e aposte na prevenção
© Getty Images
Escrito por
Jul. 08, 2020

O sol, como fonte de luz, é conhecido e exaltado pelas suas propriedades e efeitos antidepressivos e síntese de vitamina D. É ainda importante a sua função reguladora no ritmo circadiano e hormonal.

No entanto, a alergia ao sol ou a sugestão de episódios em que são atribuídas queixas à exposição solar são extremamente comuns. Assim, será mais correto empregarmos o termo de fotossensibilidade à luz solar, que pode decorrer de um período de exposição de minutos, horas ou dias, podendo persistir durante semanas ou meses.

Diferentes tipos de fotossensibilidade à luz solar (alergia ao sol)

Queimadura solar

Dentro dos tipos de fotossensibilidade, a mais frequente é a chamada “queimadura solar”, resultante de uma exposição aguda e prolongada, com o desenvolvimento de lesões avermelhadas, com rubor, edema e bolhas, chegando a provocar dor nas áreas atingidas.

Indivíduos com tipos de pele mais clara (fotótipos I, II e III) têm maior dificuldade no bronzeamento e são fator de risco para episódios mais exuberantes e sintomas mais incomodativos.

Reações fotoalérgicas

Noutras situações, em que os pacientes referem o termo alergia, são reportados sintomas de prurido intenso (comichão) nas áreas expostas, como a face, região do tórax e abdómen, membros inferiores e costas. Surgem ainda lesões avermelhadas na pele, por vezes com relevo, tipo picada de inseto.

Estas crises podem ter caráter periódico anual, associadas aos episódios iniciais de maior exposição solar, como acontece com a chegada do bom tempo e com as temperaturas mais elevadas, convidativas para idas à praia, caminhadas e exercícios ao ar livre.

São reações fotoalérgicas, de causa ainda desconhecida, como por exemplo a erupção polimorfa à luz. Pode atingir entre 10% a 20% da população, com maior prevalência nas mulheres. Ocorre até um período de 18 a 24 horas após a exposição e pode prolongar-se até 10 dias.

É aconselhável uma exposição gradual ao sol, evitando as horas de maior radiação, entre as 11h e as 17h, o uso de roupa mais leve e clara, assim como acessórios de proteção como óculos e chapéu
João Pedro Azevedo, Imunoalergologista do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu João Pedro Azevedo, Imunoalergologista do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu

Fotorreações inflamatórias retardadas

Existem ainda fotorreações inflamatórias retardadas em consequência do contacto com agentes fotossensibilizantes, como determinados alimentos (limão, figo, aipo), medicamentos, plantas ou cosméticos.

Após a exposição à radiação UV, vão induzir lesões cutâneas como as descritas anteriormente.

Urticária solar

No caso de urticária solar, trata-se de uma condição extremamente rara. As características clínicas típicas incluem o aparecimento de lesões de urticária (pápulas) alguns minutos após a exposição à luz.

O diagnóstico é feito com base numa história clínica detalhada e pode ser utilizada radiação, de forma controlada, para a sua confirmação.

Este tipo de doença pode requerer tratamento específico no caso de formas mais severas.

Cuidados a ter em caso de alergia ao sol

Não obstante, ao final de exposições repetidas e crónicas durante anos, teremos alterações estruturais da pele com mudanças permanentes da pigmentação, resultantes do fotoenvelhecimento, como os lêntigos solares (manchas de envelhecimento) e a queratose actínica (lesão descamativa e áspera), que pode ser pré-cancerosa.

Com vista a prevenir todas estas manifestações descritas, é aconselhável uma exposição gradual ao sol, evitando as horas de maior radiação, entre as 11h e as 17h, o uso de roupa mais leve e clara, assim como acessórios de proteção como óculos e chapéu.

Crianças com menos de 6 meses de idade não devem ser expostas ao sol e crianças com menos de 3 anos devem evitar exposição direta.

Em casos muito pontuais existe a possibilidade de reação alérgica aos próprios protetores solares, devendo esses pacientes consultar um especialista
João Pedro Azevedo, Imunoalergologista do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu João Pedro Azevedo, Imunoalergologista do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu

A importância da proteção

O papel dos protetores solares antirradiação UVA e UVB é bastante importante, pois protegem a pele mais sensível da radiação solar, assim como promovem a hidratação da barreira cutânea.

Existe uma vasta gama de protetores solares, com vários modos de aplicação, adequados à pele da face, couro cabeludo, de acordo com a idade e o tipo de pele.

Deve ser reaplicado frequentemente ao longo do dia, sendo estas as principais medidas preventivas. Em casos muito pontuais existe a possibilidade de reação alérgica aos próprios protetores solares, devendo esses pacientes consultar um especialista.

O uso de medicamentos como antihistamínicos e a hidroxicloroquina podem estar indicados em indivíduos mais suscetíveis.

Caso estes episódios de maior sensibilidade à luz solar se tornem mais frequentes, com impacto negativo na vida das pessoas, é aconselhado procurar um especialista para que se possa encontrar uma alternativa segura e adequada para contornar o problema, evitando, por exemplo, que o verão ou o período de férias seja um motivo de ansiedade face a estas situações.

Últimos