Relações e família

A importância de valorizar os presentes: quando menos é mais!

Em praticamente todas as casas, as crianças são a essência do Natal. Mas quando se trata de encontrar o presente perfeito para elas, eis que surge a questão: afinal, o que oferecer aos mais novos? Rita Antunes, psicóloga clínica e educacional, diz-nos como o fazer.

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A importância de valorizar os presentes: quando menos é mais! A importância de valorizar os presentes: quando menos é mais!
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Dez. 23, 2021

Numa época de grande azáfama, onde as luzes piscam por todo o lado, as músicas anunciam o Natal e os anúncios estão repletos dos brinquedos fantásticos, vemos miúdos e graúdos a desejarem multiplicar-se, por forma a satisfazer os melhores desejos. Mas fica a questão: o que oferecer às crianças?

As razões são muitas: “Tive boas notas”, “Portei-me muito bem este ano”, “Tenho ajudado os pais em casa”, “Se o Pedro tem, eu também tenho de ter!”. Quantas delas ecoam nas nossas cabeças? Daí até ao impulso de comprar, o caminho é curto.

Sabia que dezembro é mês record em transações bancárias?

“O António já fez a carta ao pai Natal há mais de um mês … desta vez, só escolhi 10 brinquedos” – diz ele. “A Ana passa os dias a recortar e colar brinquedos dos folhetos de publicidade”! “O José conta com surpresa que conheceu um menino no centro de estudos, que só vai receber um brinquedo dos pais – ele disse que os pais não lhe podem dar mais” – afirma perplexo!

“A Maria já tinha escrito uma coleção de bonecas, mas a uma semana do Natal, quando a mãe lhe pergunta o que é que ela realmente quer, surpreende-se: quero que me vás buscar à escola dois dias esta semana! Quero que sejas tu! Essa é a minha prenda de Natal”!

Múltiplas realidades que existem para nos fazer parar e pensar. Afinal, o que oferecer às crianças?

Para além de agradar às crianças, os brinquedos são também importantes para o seu desenvolvimento
Rita Antunes, psicóloga clínica e educacional no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas e no Hospital CUF Torres Vedras Rita Antunes, psicóloga clínica e educacional no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas e no Hospital CUF Torres Vedras

Em busca do presente perfeito

A escolha dos presentes deve ser individualizada, de acordo com a idade, fase de desenvolvimento e os gostos e interesses de cada criança.

As crianças aprendem a brincar, pelo que, para além de agradar às crianças, os brinquedos são também importantes para o seu desenvolvimento.

Podem estimular competências fundamentais, como a motricidade, a linguagem, a autonomia, a socialização; e proporcionam experiências sensoriais (visão, olfato, audição, tato ou mesmo paladar).

Tornam-se ainda mais importantes quando promovem a criatividade e imaginação. Podem contribuir para a promoção de estilos de vida saudáveis, como uma bicicleta, um minitrampolim, uma bola ou espadas de esponja – que apelam ao exercício físico e à relação com o outro em espaços livres, por exemplo.

Jogos de tabuleiro, bonecos, roupas de princesas ou bombeiros, cozinhas e os seus complementos fazem as delícias de outros para jogos de imitação, “faz-de-conta” e múltiplas interações totalmente ajustadas às crianças! Permitem que brinquem, que se recriem e se (re)inventem!

Imaginemos que a criança tem algum desafio acrescido ou, até mesmo, uma perturbação do desenvolvimento diagnosticada – neste caso, a escolha do presente é, ainda, mais importante pois pode reforçar as suas áreas mais fragilizadas. Na dúvida, discuta com um especialista da equipa médica que acompanha a criança, o que pode ser mais benéfico para o seu desenvolvimento.

Importa ainda lembrarmos algumas características a considerar na compra dos brinquedos, nomeadamente serem didáticos, apelativos, fáceis de transportar e arrumar.

O fator económico é também relevante, devendo ponderar-se a relação entre o custo elevado de alguns brinquedos, particularmente “porque estão na  moda”, vs. a sua verdadeira utilidade/ necessidade ou o tempo de duração dos mesmos.

O segredo é criar memórias de vivências que superem listas de objetos e trocas de prendas
Rita Antunes, psicóloga clínica e educacional no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas e no Hospital CUF Torres Vedras Rita Antunes, psicóloga clínica e educacional no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas e no Hospital CUF Torres Vedras

Esta é também uma fase perfeita para fomentar a partilha, incentivando as crianças na escolha de brinquedos para doar a uma instituição ou a famílias mais carenciadas. Não o brinquedo que “já não precisa”, mas sim aquele que já o fez feliz e que pode certamente ganhar uma nova vida, fazendo outras crianças igualmente felizes.

E quando “o menos pode ser mais”? Torne a noite de Natal verdadeiramente inesquecível. Monte uma tenda para pernoitar ao lado da árvore de Natal. Nessa noite, construa, em família, uma árvore dos desejos, prepare peças de teatro para encenar, envolva os mais novos nos preparativos culinários e na preparação de pequenas surpresas a desvendar ao longo da noite.

E que tal um jogo de elogios em família? O segredo é criar memórias de vivências que superem listas de objetos e trocas de prendas. Ah, e se dúvidas houver, lembre-se: o melhor presente é estar Presente.

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