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Descubra a femtech, a tecnologia ao serviço da mulher

Há cada vez mais dispositivos e softwares de saúde feitos a pensar no sexo feminino para um cuidado mais personalizado nas diferentes fases da vida. A femtech está em pleno auge.

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Descubra a femtech, a tecnologia ao serviço da mulher Descubra a femtech, a tecnologia ao serviço da mulher
© rawpixel
Rita Caetano
Escrito por
Nov. 28, 2023

Alguma vez pensou que a tecnologia se podia aliar à saúde para melhorar a qualidade de vida das mulheres? É verdade, a femtech surgiu para acompanhar o sexo feminino nas várias fases da vida, desde a adolescência, à gravidez e à menopausa, com dispositivos e apps que ajudam a compreender melhor as alterações físicas.

Curiosa? Descubra mais sobre a femtech.

Femtech a conhecer

Uma luva para detetar o cancro

O diagnóstico de cancro da mama de uma prima fez com que Francisco Nogueira tivesse a ideia de desenvolver um dispositivo para ajudar as mulheres a detetarem nódulos ou outros sinais quando fazem a autopalpação mamária.

A ele juntou-se o amigo Frederico Stock e juntos formaram a start-up Glooma para desenvolverem a Senseglove. Esta luva funciona como um dispositivo médico de rastreio que, quando deteta alguma alteração na textura do tecido mamário, notifica a mulher.

Além disso, a aplicação lembra ainda mensalmente o autoexame. Espera-se que esteja no mercado nos finais de 2024, mas já é possível fazer a pré-reserva e custa 99€.

“O nosso objetivo é simplificar a interpretação dos resultados e levar as mulheres ao médico o mais cedo possível”, dizem os fundadores.

Estima-se que, em 2025, o mercado femtech atinja os 48 mil milhões de euros

Monitorizar as hormonas

A Eli, uma empresa tecnológica de saúde feminina, desenvolveu testes hormonais para fazer em casa através da saliva que, em tempo real, monitorizam as flutuações hormonais. Esta aposta está associada ao facto de as alterações hormonais desempenharem um papel crucial na saúde das mulheres.

Menopausa, fertilidade, período menstrual, contraceção e estados endócrinos são algumas das condições que estão diretamente associadas às hormonas.

“As hormonas têm um grande impacto na saúde das mulheres, desde a puberdade até a menopausa. No entanto, continuam a ser uma caixa preta. Estamos a desbloquear essa caixa para que as mulheres possam ter ao seu alcance dados para tomar decisões informadas diariamente e assumir o controlo da sua saúde geral”, afirma Marina Pavlovic Rivas, CEO e cofundadora da Eli.

Os testes ainda não são comercializados, mas é possível fazer parte da lista de espera para quando forem lançados.

Dúvidas sobre amamentação

A app espanhola LactApp tem resposta para muitas das dúvidas das mães quando o tema é amamentação. Os fundadores da start-up – Maria Berruezo, Alba Padró e Enric Pallarés – dizem que há muita falta de informação nesta área e resolveram juntar a experiência de consultoras de amamentação de vários pontos do mundo com inteligência artificial.

A aplicação responde a 76 mil dúvidas e está disponível em 180 países e já foi consultada mais de 21 milhões de vezes desde 2019.

Queixas menstruais

Quando Morgane foi diagnosticada com síndrome de ovários políquisticos, decidiu tomar as rédeas da sua saúde para aliviar os sintomas e descobriu que pequenas mudanças no estilo de vida, em combinação com os suplementos certos, tinham um impacto positivo no seu ciclo e fertilidade.

Posto isto, decidiu ajudar outras mulheres e foi assim que nasceu a Guud Woman, uma gama de suplementos 100% vegetais e sem químicos desenvolvida por mulheres, para mulheres.

Na Guud Woman, as clientes encontram uma equipa de especialistas (nutricionistas, especialistas em saúde sexual, parteiras, médicos, personal trainers…) prontos para ouvir os sintomas. No site, até frisam que, do outro lado, não estão chatbots, mas pessoas reais prontas a ouvir e a responder.

Microbioma vaginal

Com o kit Daye as mulheres vão, brevemente, poder analisar a saúde do seu microbioma vaginal, que é o ecossistema de bactérias e outros microrganismos que vivem dentro da vagina. Quando não está equilibrado, fica vulnerável a infeções e outras complicações de saúde ginecológica.

Para fazer este teste, basta colher uma amostra interna com um tampão que é depois enviado para um laboratório, que enviará um relatório online. Faz o diagnóstico de infeções vaginais, doenças sexualmente transmitidas e implicações para a fertilidade.

A empreendedora Ida Tin foi pioneira na femtech ao criar a app Clue, que controla a ovulação e que, hoje, tem mais de oito milhões de utilizadoras

Menopausa

Relegada para segundo plano durante muito tempo, a menopausa está finalmente na ordem do dia, e as empresas de tecnologia estão a olhar para esta fase da vida da mulher para melhorar a sua qualidade de vida.

Um exemplo disso é a Astinno, uma start-up britânica que está a produzir uma pulseira inteligente para detetar e combater os afrontamentos que surgem naquele período e que são, entre outras coisas, responsáveis pela privação de sono, o que tem um grande impacto na saúde feminina.

Este wearable, que se chama Grace e parece uma joia, utiliza uma gama específica de sensores ajustados por algoritmos que detetam os sinais de afrontamentos antes que aconteçam, ativando, depois, uma tecnologia de arrefecimento localizada na pele.

Pavimento pélvico tonificado

Os exercícios de Kegel devem ser uma das rotinas das mulheres para fortalecer o seu pavimento pélvico, que sofre muito com a gravidez e com a menopausa, por exemplo.

A novidade trazida pelas femtechs são os aparelhos que melhoram a performance. Um deles é o KegelSmart™ 2, da Intimina, e a sua tecnologia avançada regista a força do pavimento pélvico e define automaticamente o nível de exercício de acordo com as necessidades de cada mulher.

O programa é orientado pela vibração e as mulheres só têm de contrair quando o aparelho vibra e descansar quando para. Em menos de cinco minutos, a rotina de exercícios pélvicos estará completa. O KegelSmart™ 2 tem cinco níveis progressivos, cada um com uma rotina de exercícios. Já está no mercado e custa 99,95€.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº281, novembro de 2023.

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