Nutrição

Crónica. Simplesmente perfeita, a sopa de miso limpa o sangue e o corpo

A receita perfeita de miso é aquela que se toma diariamente. Só precisa de água, de miso e de 5 minutos.

Untitled-7 Untitled-7 Untitled-7
Crónica. Simplesmente perfeita, a sopa de miso limpa o sangue e o corpo Crónica. Simplesmente perfeita, a sopa de miso limpa o sangue e o corpo
© shutterstock
Paula Azevedo, cronista
Escrito por
Mar. 29, 2021

Muito se tem escrito sobre o miso nos últimos anos. São deliciosas as receitas de caldos, sopas, marinadas, molhos e pickles que se temperam ao sabor do misterioso umami contido nesta pasta fermentada feita a partir de leguminosas (tradicionalmente, a soja), sal e koji – o fungo aspergillus oryzae que é frequentemente inoculado em cereais e responsável pela riqueza enzimática da mistura final.

Julga-se que o miso terá sido inventado na China, há séculos atrás, como forma de conservar as colheitas do grão mais proteico e abundante das suas regiões: a soja.

Os japoneses ter-se-ão perdido de amores pelas propriedades medicinais e gastronómicas da pasta fermentada, tornando-a parte central da sua cultura. Considerando-a como “um presente dos deuses para a humanidade”, o seu consumo regular era símbolo de juventude, longevidade e de boa saúde.

Limpar o sangue e o corpo

O saboroso e nutritivo miso resulta da fermentação dos seus componentes por força de poderosos micro-organismos que o tornam num tónico de limpeza para o organismo. Hoje em dia, chamamos a este tipo de alimentos vivos de probióticos.

Os probióticos promovem a digestão e a boa absorção dos alimentos, por influenciarem a condição do nosso meio interno.

Limpam o corpo de toxinas, zelam pela fortaleza do nosso microbioma ajudando, passo a passo, a repovoar a vida microscópica dos intestinos e melhorando assim, de forma exponencial, a qualidade do nosso sangue e a nossa capacidade de resposta ao meio, a que nos habituámos chamar de imunidade.

Saber escolher

1. Em Portugal produz-se miso de boa qualidade e em qualquer loja de produtos biológicos pode encontrá-lo (juntamente com outras opções de miso produzido além-fronteiras);

2. Não deixe, no entanto, de pesquisar e procurar por algo feito em pequena escala, produzido de forma mais artesanal. Facilmente se encontram entusiastas, de norte a sul do País, que não só se dedicam à produção e venda de miso como ensinam a fazê-lo a quem quiser aprender;

3. Escolha miso não pasteurizado, biológico;

4. Quando comprar, leia os ingredientes, especialmente se se aventurar por lojas menos especializadas. Composições com açúcar, químicos e conservantes não são desejáveis se o seu objetivo é terapêutico;

5. A duração das fermentações, a temperatura, o teor de sal, a variedade de koji e as proporções dos ingredientes influenciam a cor, a textura, o sabor (mais doce ou salgado) e a riqueza enzimática da pasta final. É por esta razão que quando procuramos por miso numa prateleira, encontramos uma variedade imensa de possibilidades e de cores.

Geralmente, são três as opções disponíveis: Gemai (miso de arroz integral, com maior concentração de koji, de cor mais clara e de sabor mais adocicado), Hatcho (miso de soja, produzido unicamente com soja, de cor mais escura e de sabor mais salgado) e Mugi (miso de cevada, de sabor salgado, mas bem mais delicado que o miso de soja);

6. Para cada pessoa haverá um tipo de miso mais apropriado, dependendo da sua condição de saúde e do que come regularmente, mas, de uma forma geral, podemos eleger o miso de cevada não pasteurizado como uma escolha equilibrada.

Se o sabor lhe parecer demasiado atípico, misture miso de arroz com miso de cevada nos primeiros tempos, o que resultará num caldo mais suave e ligeiro.

Não leve as receitas tão a sério e não deixe de fazer ou de experimentar coisas novas só porque lhe parecem demasiado complicadas
Paula Azevedo Paula Azevedo

Saber fazer

As receitas foram feitas para nos orientarmos quando não sabemos muito sobre alguma coisa que queremos experimentar. No entanto, é frequente depararmo-nos com dificuldades quando o que estamos dispostos a fazer é menos do que o número de passos que a fórmula exige.

Uma sopa de miso carrega-se de energia quando usamos cenouras, cebolas, abóboras; torna-se mais terapêutica quando incluímos ingredientes medicinais como os cogumelos shitake, o daikon, a raiz lótus e as algas; ou mais nutritiva e festiva quando lhe acrescentamos tempuras, massas e outros condimentos.

São inúmeras as combinações que podemos fazer, mas fique com esta versão simples, clara e rápida que pode executar em 5 minutos e que funciona de base para o dia em que acordar com vontade de fazer um pouco mais.

Sopa de miso em 5 minutos

1. Ferva a água numa panela. Ajuste o volume de água ao número de taças de sopa que quer servir;

2. Numa taça de sopa, dissolva a pasta de miso numa pequena quantidade de água que retira da panela ao lume. Medidas: cerca de 1 c. de sobremesa de pasta de miso por taça de sopa. Por exemplo, 2 c. de sobremesa de pasta servem duas taças de sopa;

3. Quando a pasta estiver bem dissolvida na água, devolva o líquido à panela. Baixe o lume e deixe a mistura ganhar vida por pouco mais de um a dois minutos. O calor ativa as enzimas benéficas da pasta, mas tenha cuidado, não a deixe ferver ou perderá os seus efeitos benéficos. Tome quente.

À simplicidade desta versão, que se basta a si própria, poderá juntar alguns extras que não lhe tiram mais que poucos segundos:

  • Flocos de alga wakamé, que aumentam a riqueza mineral e as propriedades depurativas do caldo. Deite pequena quantidade de flocos na água enquanto esta levanta fervura. As algas secas aumentam de tamanho cerca de 5 vezes quando são hidratadas, por isso não exagere na quantidade.
  • Com o lume apagado e a sopa pronta, adicione frescura com umas gotas de sumo de gengibre e/ou pequena quantidade de cebolinho picado.

Fast foward para quando está de viagem

1. Ferva água numa chaleira elétrica;

2. Numa taça de sopa, dissolva uma colher de sobremesa de pasta de miso numa pequena quantidade de água quente;

3. Quando a pasta estiver dissolvida, encha a taça de água fervente. Tome quente.

Não leve as receitas tão a sério e não deixe de fazer ou de experimentar coisas novas só porque lhe parecem demasiado complicadas.

Perceba o que está a fazer e porquê. Depois, faça menos, mas de forma regular, e fique-se pelo essencial, porque o mais importante de uma sopa de miso é o miso

Paula Azevedo é consultora, professora e chef de Macrobiótica. Para mais informações, contactar através do e-mail p.narciso.azevedo@gmail.com.

Últimos