Moda

8 marcas portuguesas que tem mesmo de conhecer (ainda este verão)

Não é novidade que o mercado português está a fervilhar de novas ideias, conceitos e projetos que trazem uma frescura ao que já existe. Fomos à procura de marcas made in Portugal que surgiram no último ano e que, de alguma forma, se estão a destacar. Conheça-as.

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8 marcas portuguesas que tem mesmo de conhecer (ainda este verão) 8 marcas portuguesas que tem mesmo de conhecer (ainda este verão)
©Instagram/@kinbeachwear
Marta Chaves
Escrito por
Ago. 11, 2020

Que o que é nacional é bom, já sabemos. Agora que o mercado da moda nacional está constantemente a reinventar-se, tendo a qualidade como prioridade, isso pode suscitar surpresa até aos mais sedentos por novidades.

Não é segredo também que a sustentabilidade e a escolha de matérias-primas ecológicas estão na ordem do dia e são muitas as marcas que têm como mote este passo mais verde.

Quisemos perceber em que pé nos encontramos no que diz respeito à produção nacional e procurámos conceitos novos, de diferentes áreas, que surgiram no último ano.

Entrámos neste mar de novidades e apresentamos-lhe uma seleção de marcas que valem mesmo a pena a visita virtual ou física.

8 marcas portuguesas a conhecer

Kin Swimwear

É diretamente do Algarve que nasce a Kin, pela mão de Mariana Neves, inspirada pela sua terra natal, pelo mar e pela praia, pela qual não esconde a sua paixão.

Esta marca de biquínis foi lançada a 5 de março de 2020, pouco antes de ser decretado o Estado de Emergência, o que, obviamente, suscitou algum medo à fundadora.

“De início fiquei muito preocupada”, começa por dizer. “Houve uma altura em que não sabíamos se íamos à praia ou se conseguiríamos ter um verão normal, por isso talvez pudéssemos ter começado melhor se não fosse este panorama, mas tendo em conta isto, acho que está a correr muito bem.”

Mariana Neves assume-se como uma amante de moda, tendo desde sempre um fascínio assumido por biquínis.

Neste primeiro ano, lançou duas coleções: a Conscious e a Crinkle. Em relação à Conscious, “a lycra é feita a partir de plástico retirado do mar e das praias” e, apesar de a segunda coleção, a Crinkle, não ser feita com materiais recicláveis, o tecido texturizado é elástico e compreende números que vão desde o 34 e o 38, o que permite que as oscilações de peso ou até mesmo a gravidez não sejam um problema para quem quer usar os biquínis ou fatos de banho no ano seguinte.

Lançada no meio de uma pandemia, a jovem empreendedora de 29 anos admite que a sua marca enfrentou muitos obstáculos. “Os fornecedores querem grandes empresas e produzir em grandes quantidades, por isso, sim, foi difícil.”

A Kin estreia-se assim no mercado português com opções de fato de banho e biquínis com cores que vão do branco ao vermelho, passando pelo verde e bege.

Projeto Volta

É sob o hashtag #CaminhamosJuntos que nasce a primeira parte do Projeto Volta: uma coleção de meias 100% portuguesas e com cariz solidário.

Cada par de meias foi desenvolvido por um ilustrador, é alusivo a um sector da economia e tem o objetivo de apoiar uma associação.

A união entre artistas, empreendedores, industriais, tecnológicos, comunicadores e transportadores resultou num projeto com 12 pares de meias, em que por cada venda é doado 1€ à associação correspondente.

Em relação às ilustrações, nascem do trabalho de Aka Corleone, Cesáh, Contra, Diogo Matos, Glam, Lara Luís, Margarida Fleming, Oker, Teresa Murta, The Caver e Uivo. Cada par tem um custo de 12,50€ e está à venda online e nas lojas Crack Kids e Circus Network, no Porto.

Campos

Ao olhar para a Campos, é fácil perceber que não existe extravagância, padrões exuberantes, nem cores vibrantes. É como uma “tela em branco”, diz-nos a fundadora, Alexandra Neto, que apostou num design minimalista, livre de construções complicadas e assente em traços bonitos ao olhar.

Se visitarmos o seu site, vemos que são poucas as peças à venda, mas é fácil de perceber porquê.

“Acontece por vários motivos: antes de criar a marca, estava numa fase em que estava a sentir que existia muita coisa no mercado – muitas microtendências, muita oferta, e comecei a pensar no conceito da ‘paralisia de escolha’, que era o que estava a sentir. Por isto, decidi começar por apresentar poucas peças de cada vez”, explica-nos a autora da marca.

Percebeu que foi a decisão acertada por ter uma equipa pequena e poucos meios e, desta forma, a Campos é também uma marca exclusiva. “Mas não é o que nos move”, refere Alexandra Neto. “Acredito que cada mulher que aprecia peças boas e bons básicos pode (e deve) usar Campos”.

Depois de trabalhar como Head of Content num e-commerce português, sentiu-se contagiada pelas marcas que conheceu e decidiu avançar para o seu próprio negócio. Porém, como muitos outros empreendedores, encontrou entraves.

Foi muito difícil criar a primeira coleção. As minhas expectativas estavam completamente desajustadas. Foi difícil criar uma equipa de produção, ter contactos de bons fornecedores, perceber como funciona este meio. Depois foi toda a aprendizagem em termos técnicos”, admite.

Mesmo com adversidades, os vestidos e camisas da Campos ganharam vida e, no futuro, a criadora da marca pretende que as peças estejam disponíveis a longo prazo e não só em coleções sazonais.

Wonther

O conceito da Wonther foi desenvolvido em Nova Iorque, mas todas as suas peças são produzidas artesanalmente em Portugal. É com foco nas mulheres e nas suas conquistas que Olga Kassian criou esta marca, também ela orientada para a sustentabilidade do sector.

Nas peças produzidas são apenas utilizados materiais reciclados que respeitem os direitos humanos, do trabalhador e que não ponham em causa o impacto ambiental e as boas práticas de aquisição de matérias-primas.

Todas elas são desenhadas em colaboração com a designer de joias portuguesas Rita Botelho, também detentora da sua própria marca.

Com um cunho vintage marcado, a inspiração de Olga Kassian surgiu depois de ter conhecido um conjunto de mulheres empreendedoras e de negócios, que serviram de mote para a Wonther.

Gloria Steinem, jornalista e feminista ou Eva Chen, diretora de Parcerias de Moda do Instagram, foram dois dos incentivos para o surgimento da marca de joias.

Gwery

No verão do ano passado, nasceu a Gwery, uma marca de mantas e toalhas pautada pela ecologia e respeito pelo meio ambiente.

“As toalhas são fabricadas com algodão certificado, o que significa que foi testado quanto a substâncias nocivas e que é inofensivo em termos humanos e ecológicos”, refere Décio Costa, um dos fundadores.

“As nossas mantas são produzidas com algodão orgânico e no futuro as nossas toalhas de praia também serão. Acrescentamos que a própria embalagem foi pensada ecologicamente, não recorrendo a qualquer plástico”, completa.

Além de esta marca ser assumidamente amiga do ambiente, a produção feita em Portugal, mais especificamente em Guimarães, pretende ser justa.

“Portugal tem uma história rica na área têxtil e, na nossa opinião, seria um desperdício não fixar aqui a produção. Com esta proximidade conseguimos inovar com maior rapidez, garantir que o produto final vai ao encontro dos nossos padrões e assegurar que é produzido de forma ética”, menciona.

Foi ao lado do primo, Vítor Costa, que ambos decidiram lançar a Gwery, sob o propósito de ter “designs únicos, texturas ricas e cores vibrantes”.

“Algo que também procurámos desde o início foi oferecer a melhor experiência de compra e suporte pós-venda possível e assim estabelecer uma relação de confiança com o comprador. Isto é essencial num mercado como o português com a percentagem de compras online das mais baixas da União Europeia”, indica o empreendedor.

Kekaaii Swimwear

Inês Carvalho e Diogo Marreiros não baixaram os braços, e mesmo durante a pandemia seguiram com o lançamento da Kekaaii. Como já tinham feito o investimento na marca de biquínis, decidiram avançar e aproveitaram o lado mais positivo que a quarentena trouxe.

Ao estarmos confinados em casa, tivemos muito tempo para fazer os últimos preparativos. Normalmente, o Diogo, que é atleta de alta competição, deveria estar fora, mas como as provas foram canceladas, acabou por ficar em Portugal. Tê-lo cá para ajudar nas primeiras encomendas foi ótimo”, refere Inês Carvalho.

“A sustentabilidade é o principal foco da nossa marca, pois cada vez mais este tema faz parte do nosso dia a dia e, vivendo num país plantado à beira-mar, custa-nos ver que o lixo nas praias ainda seja uma visão frequente”, alerta Inês Carvalho.

“Ao usarmos plástico retirado dos oceanos na composição das nossas licras, pretendemos não só reduzir a produção deste material, mas também reutilizá-lo. As garrafas de plástico fazem parte da composição da poliamida e poliéster usados nos nossos biquínis e fatos de banho”, completa.

A produção dos biquínis e fatos de banho é feita em Portugal e é a Inês que desenha os modelos. Foi com a sua avó que começou a fazer os primeiros biquínis e não demorou muito até que as pessoas começassem a querer comprar, ao ponto de já não conseguir produzir tudo sozinha. Depois de se juntar a Diogo, a dupla avançou com a Kekaaii e pretendem ser uma marca de referência a nível nacional.

Conscious Swimwear

Pelo nome, conseguimos identificar a Conscious Swimwear como uma marca com respeito pelo planeta. Todas as peças são feitas com nylon regenerado, que resulta da transformação do lixo em fibras, criadas a partir de resíduos que provêm dos oceanos e dos aterros sanitários.

O seu uso reduz o impacto no aquecimento global até 80%, em comparação com o material feito a partir do petróleo.

Ainda que o econyl, o tecido reciclado usado nos fatos de banho, venha diretamente de Itália, é em Portugal, que é feita a produção da marca – também para garantir a ética e a relação próxima com os trabalhadores.

É Joana Silva quem está à frente do projeto português e tem como missão passar uma mensagem sustentável e verde aos seus consumidores.

Wheat & Rose

O ADN da Wheat & Rose é, sobretudo, familiar. Maria Veloso lançou a marca de roupa inspirada na admiração que tem pela sua bisavó Ângela Trigo (Wheat) da Roza (Rose), tanto pela forma como olhava para a vida, como pelo reconhecimento que dava a tudo o que tinha qualidade.

“A minha bisavó viveu entre Hong Kong e Lisboa, onde aprendeu a valorizar e apreciar o requinte asiático e a simplicidade e autenticidade portuguesa”, conta a bisneta.

A mensagem da marca com produção em Lisboa é incentivar as pessoas a consumir menos, mas melhor.

A minha ideia, e a promessa da marca, é que as peças durem uma vida inteira e que passem de geração em geração. Acredito que é aqui que está a verdadeira sustentabilidade”, afirma Maria, acrescentando que são utilizados alguns materiais reciclados na confeção das peças.

A Wheat & Rose quer ser reconhecida pela sua versatilidade e exclusividade, mas não só. A inclusão é também um passo relevante no conceito do projeto.

“É importante que as peças caiam bem a todos os tipos de pessoas, por isso cada modelo foi experimentado em 18 corpos diferentes”, ou seja, só existe um tamanho único (que compreende o S/M), que vai do 36 ao 38. Maria Veloso garante que o importante é que as peças “fiquem bem ao máximo de pessoas possível”.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 241, julho de 2020.

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