Desde a década de 60, período do pico da contracultura e que resultou no movimento hippie, que não se via tanto interesse em fazer ioga no ocidente. Apesar de ter nascido na Índia há cerca de seis mil anos, o yoga (palavra em sânscrito para designar união) continua a conquistar adeptos, estimando-se que em Portugal existam “largas dezenas de milhares de praticantes”, de acordo com declarações da Associação Lusa de Yoga à agência Lusa.
O porquê de fazer ioga
Para Filipa Veiga, professora de ioga e autora do livro Yoga-me, A Arte de Abrir o Coração, as razões que levam milhares de portugueses e milhões de pessoas em todo mundo a praticar ioga todos os dias “prendem-se com uma vontade de mudar e com uma necessidade de se sentir bem. Um misto de busca de energia, paz interior com bem-estar físico. Temos uma sociedade baseada em bens exteriores que esqueceu que a grande busca é interior.
A vida chamada ’normal’ é tudo menos normal. Andamos stressados, trabalhamos mais, temos doenças e, por causa disso, comemos mal. As pessoas sentem que precisam de outras coisas, de ter espaço para si, de se sentirem livres e leves, de respirar! O ioga é uma ferramenta, um método para ajudar nessa busca. No fim queremos apenas que a mente acalme”.
A professora de ioga Filipa Veiga.
E para se sentir os seus benefícios, deve fazer ioga. “idealmente, três vezes por semana”, aconselha Filipa Veiga. “Mas se as pessoas acham que ‘não têm tempo’, que é mais uma desculpa da mente do que outra coisa, costumo dizer aos meus alunos que façam o melhor. Comecem com que têm e dêem, pelo menos, três meses à prática.
Quando a transformação, começa a acontecer e vemos as mudanças no nosso corpo, na nossa mente, nos nossos hábitos, quando irradiamos energia positiva, então entendemos o trabalho profundo que estamos a fazer. E aí vamos querer fazer mais e mais! Há um ditado yogi que diz: ‘Se praticar uma vez por semana, muda o corpo; se praticar duas vezes por semana, muda a mente; se praticar todos os dias, muda a vida’.
Do desporto para o ioga
Patrick Beach, especialista internacional de ioga, com mais de 342 mil seguidores no Instagram, nomeado como um dos 100 professores de ioga mais influentes do mundo pelo site Sonima, e também embaixador global de ioga dos ginásios Virgin Active, foi parar a esta modalidade ancestral por pura necessidade.
Era ele um jovem jogador de basquete, quando inúmeras lesões físicas o levaram a procurar uma alternativa que o ajudasse a recuperar. Foi assim que se interessou por ioga. “Começou de forma muito simples. Jogava basquete, mas era tão rígido que, depois de treinar, não me conseguia sentar no chão. Tinha cerca de 20 anos. Por isso comecei a fazer alguns exercícios de alongamentos com a minha mãe. E gostei imenso, porque era tudo muito calmo, nada competitivo, ao contrário do basquete”.
E chegou à NBA
E não é o único. Outros atletas, como o jogador da NBA Kevin Garnett e o jogador de futebol americano Eddie George, são dois dos 21 atletas profissionais que revelaram no livro Real Men Do Yoga, de John Capouya, que a prática de ioga só lhes trouxe benefícios. Eddie George, que está na capa do livro, diz: “O ioga ajudou-me a evitar lesões e fortaleceu-me, particularmente na parte superior do corpo. Agora tenho uma vantagem competitiva”.
Teresa Viana é especialista em ioga adaptado à prática desportiva e ao desporto de alta competição em particular. “Despertei para essa área após ter conhecido uma professora de yoga americana e com a qual tive formação, Gwen Laurence. Após algum tempo tive a sorte de conhecer um atleta de alto rendimento, que me convidou para trabalhar com ele. Foi assim que comecei a trabalhar com jogadores de futebol”.
Mas se foi com o futebol que Teresa Viana aliou os benefícios do ioga como complemento do desporto, cedo passou para outras modalidades. “Já trabalhei com um piloto de carros, atletas de corrida e agora acompanho um grupo de jovens que praticam bodyboard e surf. A experiência está a ser maravilhosa. Quem sabe se não venho ainda a trabalhar com outras modalidades desportivas. O ioga vai ao encontro da necessidade de cada atleta e modalidade”.
O Yoga faz bem. Não acredita?
Nada como sentir na pele – e na mente – os seus benefícios. “Os três principais: prevenção de lesão, melhoria de performance e aumento de concentração. Como? Através das posturas de ioga conseguimos trabalhar a mobilidade, flexibilidade, consciência corporal, força, equilíbrio. Assim, conseguimos melhorar as assimetrias. uma das causas de lesão. Com a respiração conseguimos melhorar a concentração, reduzir cansaço físico e mental, reduzir o stresse e a ansiedade.
A respiração, em conjunto com a postura, permite sentir a postura e encontrar o conforto no desconforto. Permite também ter consciência das assimetrias corporais, levar a concentração ao nosso interior e aumentar a capacidade de superação. Ao fazer ioga regularmente, o atleta começa a sentir mais amplitude nos movimentos, mais leve, mais confiante, determinado e emocionalmente focado no momento presente”, conclui a professora de Yoga Teresa Viana.
Os benefícios da prática de ioga para quem pratica outros desportos
• Torna o corpo limpo, forte e flexível, através da prática de asanas ou posturas. Fazer regularmente ioga leva a uma consciência do corpo subtil. Isto permite usar o corpo de uma forma que, antes da tomada de consciência, não era perceptível.
• Treina o foco da mente através das técnicas de respiração e foco. Adquire-se um controlo interno e aprendemos a lidar com a mente de uma forma mais incisiva. Ao fazer ioga prendemos a manter-nos fortes e concentrados ao mesmo tempo que também sabemos deixar partir o que não nos serve mais.
• Aumenta a capacidade respiratória uma vez que aprender a respirar é um dos objetivos do ioga ou mesmo “o” grande objetivo. Ao respiramos melhor temos mais capacidade para qualquer desporto que pratiquemos. É como entrar num nível superior da prática.
Já praticou Yoga? Do que é que gostou mais? Conheça ainda estes retiros de ioga.
