Beleza

Mariele Leite: "Sisu é um serviço de beleza mais ‘limpo’ e consciente"

É em Cascais que pode descobrir o Sisu, um templo de beleza que irá ajudá-la a refugiar-se da confusão da cidade e esquecer temporariamente a rotina do dia a dia. A Saber Viver falou com uma das fundadoras.

Untitled-7 Untitled-7 Untitled-7
Mariele Leite: Mariele Leite:
© Sanda Vuckovic
Mariana Nave
Escrito por
Mai. 12, 2020

Em parceria com a irmã Alexandra Wacksman, Mariele Leite colocou Cascais no mapa com Sisu, o primeiro estúdio de beleza natural da zona.

Leia a entrevista à empreendedora portuguesa e descubra tudo sobre este espaço inovador perto da capital.

Entrevista a Mariele Leite

Porquê o nome Sisu?

O termo ‘sisu’ refere-se à determinação e coragem para lidar com as adversidades da vida. Etimologicamente, é uma palavra que significa algo como ‘de dentro de si’, uma força interior que se materializa numa mentalidade orientada para a ação, superação de obstáculos e resiliência.

Escolhemos este nome porque, como mulheres imigrantes – eu estou em Portugal e a Alexandra em Nova Iorque –, identificamo-nos muito com a palavra.

Como surgiu a ideia de criar o espaço?

Já trabalho em estética há mais de 11 anos e também trabalhei na zona de Cascais há uns anos.

Sempre senti que faltava um local que reunisse uma série de coisas que são importantes para as pessoas se cuidarem. Nomeadamente, serviços de unhas, bem como de tratamentos de rosto e de corpo de uma maneira mais ‘limpa’, com produtos de qualidade superior e que tivessem um pouco a ver com o meu estilo de vida.

Como é o seu estilo de vida?

Tenho muitos cuidados com aquilo que como, que bebo e que uso. De facto, quando ia arranjar as unhas, sentia que não havia cuidado com o que era aplicado, a única preocupação era o resultado final. Eram locais com muito barulho e confusos, que não permitiam relaxar.

E foi assim que surgiu o Sisu?

Na altura, a minha irmã e eu falávamos muito sobre isto. Acabámos por amadurecer a ideia porque eu conhecia as coisas de um ângulo e ela de outro.

Ela ainda disse que podia apenas ajudar e orientar-me e eu faria as coisas sozinha, mas não concordei. Acho que nos completamos e acabamos por ter visões e opiniões diferentes.

Foi, de facto, muito interessante criar o espaço. Concluímos que não existia um local em que se pudesse desfrutar de serviços de forma consciente a nível de qualidade, material e ambiente agradável.

''Tivemos a preocupação de criar um lugar que tivesse um serviço de beleza mais ‘limpo’ e consciente''

O único serviço de que não dispõem é de cabelo, porquê?

Acreditamos numa alimentação saudável, em fazer exercício todos os dias e em serviços de beleza que complementem a saúde e bem-estar de um modo holístico. Por isso, usamos marcas orgânicas, técnicas simples e não invasivas.

Sou especialista em unhas e tratamentos faciais, então foi muito natural começar por aí. No futuro, cuidar do cabelo com produtos naturais poderá ser um complemento.

Um dos serviços que mais se difere é a depilação com pasta de açúcar. Qual é o feedback dos consumidores?

A depilação com cera de açúcar é um método natural e delicado que teve origem no Egipto e Médio Oriente. Feita apenas com açúcar, limão e água, a pasta resultante não requer grande aquecimento e, por isso, não queima a pele.

Como é muito macia, penetra nos poros e adere aos pelos individualmente. Quando a depiladora puxa, está apenas a puxar o pelo e não a pele, como acontece com a cera tradicional; isto diminui a dor.

A pele é higienizada antes e muito hidratada após o processo, para garantir que não há processos inflamatórios como os pelos encravados; os clientes sentem um crescimento mais tardio e uniforme dos pelos.

Como escolheram as marcas que utilizam?

A nossa escolha é 100% pessoal. Escolhemos marcas que usamos e conhecemos, muitas foram premiadas no Indie Beauty Awards, enquanto outras receberam a atenção internacional. Além disso, como a minha irmã vive em Nova Iorque, escolheu algumas marcas da Cap Beauty, a loja mais antiga de produtos de beleza orgânicos na cidade.

Apesar de diferentes, existem alguns pontos que as marcas têm em comum: são 100% orgânicas, foram fundadas por mulheres, são oriundas de produções pequenas, artesanais e focadas na pureza dos ingredientes.

© Sanda Vuckovic

Os produtos estão para venda ao público?

Sim, no ‘tempo normal’ estão à venda no espaço, mas agora também pelo Instagram. A Covid-19 acabou por antecipar os nossos planos de venda online, que lançaremos brevemente.

Normalmente, as clientes fazem um serviço personalizado na loja para o seu tipo de pele e daí decidimos quais produtos utilizar. Neste momento, tanto a nível presencial como digital, o nosso método é entender o estilo de vida da cliente e quais as necessidades da sua pele antes de sugerir os produtos.

De que forma estão a funcionar com a quarentena?

Como uma pequena empresa que se esforça em proporcionar às pessoas momentos de self care através do toque, decidimos fechar por tempo indeterminado para garantir a saúde e a segurança de nossos funcionários, clientes e comunidade mesmo antes da quarentena ser obrigatória.

Neste momento, estamos focadas em ensinar a nossa comunidade a fazer os serviços básicos em casa através do Instagram. Vamos ter uma programação interessante onde partilhamos rotinas, gestos diários de autocuidado, conselhos úteis, sugestões e pequenos lives com pessoas da comunidade e fundadores das marcas.

Escolhas de Mariele Leite

Livro: Laços de Família, da escritora brasileira Clarice Lispector. O livro é dos anos 60 mas não poderia ser mais atual.
Viagem : Tibete, sem dúvida.
Música: Caminhos cruzados, do Tom Jobim.
Chá: capim-santo com limão. Adoro o sabor e tem imensos benefícios para a saúde e beleza.
Para relaxar: ioga, caminhada matinal antes de ir ao Sisu, ballet clássico e jazz moderno. Voltei a dançar depois de ‘velha’ e o meu corpo mudou.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 239, maio de 2020.

Últimos