Sociedade

Sabia que as mulheres pagam mais 42% por ano em bens essenciais do que os homens?

Que as mulheres recebem menos do que os homens por trabalho igual, todas sabemos. Contudo, pouco se fala sobre o facto de elas, só por serem mulheres, pagarem mais do que eles pelo mesmo tipo de produtos…

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Sabia que as mulheres pagam mais 42% por ano em bens essenciais do que os homens? Sabia que as mulheres pagam mais 42% por ano em bens essenciais do que os homens?
© getty images
Madalena Alçada Baptista
Escrito por
Nov. 17, 2021

Não, não vamos debitar teorias nem questionar sistemas sexistas, mas sim relatar a vida real, banal e corriqueira das compras de supermercado e das necessidades básicas.

Ao que parece, e olhando para as conclusões de vários estudos, ser mulher é um verdadeiro luxo, isto porque muitos artigos femininos são mais onerosos. E é por esta razão que, nos últimos anos, muitas mulheres se têm manifestado contra aquele que é conhecido como imposto cor-de-rosa. Para este imposto sobre o género foi criado o termo Pink Tax (imposto cor-de-rosa, em português).

O simples facto de as marcas criarem produtos cor-de-rosa e em formatos miniatura para os tornarem mais femininos faz com que se tornem mais caros do que os tradicionais.

O imposto cor-de-rosa, neste caso, refere-se ao valor extra que é cobrado às consumidoras por determinados objetos ou serviços sem que haja uma evidência real das diferenças entre eles, a não ser a cor e a segmentação.

Várias pesquisas sobre o Pink Tax revelaram que, em geral, as mulheres pagam 42% a mais por ano do que os homens em bens essenciais. Nos Estados Unidos, percebeu-se que as mulheres gastam, em média, mais 1300 dólares anualmente do que os homens.

Um estudo realizado pelo Departamento de Assuntos do Consumidor da Cidade de Nova Iorque mostrou que o custo médio da versão feminina de cerca de 800 produtos vendidos na cidade é quase 7% maior.

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Outras investigações demonstram que, nos EUA, existe um verdadeiro ‘imposto de género’, uma vez que os encargos de importação dos produtos diferem de acordo com o segmento (feminino ou masculino).

Um estudo de 2015, do Instituto Mosbacher, no Texas, revelou que a tributação de roupas femininas importadas era de 15,1%, enquanto a de roupas masculinas era de 11,9%. Essa diferença nas percentagens remonta ao século XIX e nem sempre depende das leis do estado; alguns dos produtos avaliados pelo Departamento de Assuntos do Consumidor da Cidade de Nova Iorque custavam mais na versão feminina, mesmo que os impostos de importação fossem menores.

Um exemplo clássico é o da lâmina de barbear, que, na versão feminina custa 3,45€ (seis unidades), enquanto a masculina custa 2,99€ (seis unidades). Alguns defendem que este exemplo pode ser enganador, já que os homens se barbeiam com maior frequência do que as mulheres se depilam, contudo, estamos a falar de dois modelos de lâminas idênticos.

E já reparou que os champôs para mulheres custam mais do que os de homens? O mesmo se passa com calças de ganga, cortes de cabelo, cosméticos, produtos de saúde, roupa e brinquedos.

Enquanto algumas empresas estão a levar muito a sério a questão do imposto cor-de-rosa, outras, que se focam no marketing, acreditam que, se se aproveitarem da vaidade feminina, podem induzir facilmente a mulher a comprar, fazendo-a crer que, quanto mais específico for um produto, mais benefícios terá…

Vai continuar a comprar sem pensar duas vezes ou vai optar por produtos ‘sem cor’?

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 256, outubro de 2021.

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