Sociedade

LanzaTech: a marca pioneira na criação de produtos através de CO2

Já alguma vez pensou que podíamos capturar o CO2 que polui o nosso planeta e transformá-lo em algo útil? Saiba que tal já é possível e a LanzaTech é a responsável. Falámos com Daniel Cherrin, colaborador da marca, que nos explicou a importância deste processo.

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LanzaTech: a marca pioneira na criação de produtos através de CO2 LanzaTech: a marca pioneira na criação de produtos através de CO2
© SHUTTERSTOCK
Mafalda Barbosa
Escrito por
Jun. 22, 2022

A nova forma de criar produtos – desde roupa a detergente – já chegou ao mercado. É sustentável e usa o maior inimigo do ambiente como fonte de criação para novos artigos: o dióxido de carbono.

LanzaTech é nome da empresa, original da Nova Zelândia, que inovou o mercado e os processos de produção. Criada em 2005, conta já com algumas colaborações com diferentes marcas na criação de produtos através do dióxido carbono, bem como outros gases de estufa que são depositados no ar diariamente.

Falámos com Daniel Cherrin, um dos colaboradores da marca, que nos explicou o processo de criação de produtos através do CO2, as colaborações que têm feito, bem como o panorama para o futuro.

Num futuro próximo, não haverá emissões de resíduos, apenas matérias-primas, que possam ser redirecionadas numa economia circular de carbono – Daniel Cherrin

LanzaTech: o futuro no presente

Combustível de avião, vestidos ou ténis, não há hoje limites para o que o dióxido de carbono pode criar. Se antes haviam, a LanzaTech veio quebrar essa barreira.

“A LanzaTech é uma empresa de reciclagem de carbono de vanguarda que tira proveito das inovações em biologia, inteligência artificial e engenharia de precisão para criar moléculas que tornam possível, sem desenterrar combustíveis fósseis”, começa por explicar Daniel Cherrin.

A empresa tem vindo a colaborar com diversas marcas distintas que procuram não só criar coleções sustentáveis, como incorporar este método no futuro. É o exemplo da companhia aérea Virgin Atlantics, que passou a usar combustível sustentável criado pela captura de carbono nos seus voos comerciais.

Contudo, a ambição da empresa tem muito mais a oferecer ao mercado e, o futuro rapidamente se tornará presente.

“Vemos um futuro em que todos os nossos produtos do dia a dia serão feitos a partir de carbono reciclado. A LanzaTech pretende não só desempenhar um importante papel na redução das emissões globais de CO2, como criar uma nova economia de carbono, onde não existe carbono de uso único. Num futuro próximo, não haverá emissões de resíduos, apenas matérias-primas, que possam ser redirecionadas numa economia circular de carbono. Tudo o que precisamos virá do carbono reciclado”, afirma o colaborador da marca.

Da poluição para a produção

O processo de transformação do CO2 em produtos químicos, que, mais tarde, levam à produção dos mais variados produtos, parece complicado. Contudo, Daniel Cherrin compara-o com o processo de criação de cerveja: “Em vez de utilizar açúcares e leveduras para fazer cerveja, a poluição é convertida através de bactérias em combustíveis e produtos químicos”, esclarece.

Trata-se de uma “fermentação gasosa”, à base de bactérias, que tem a capacidade de converter os gases de estufa em combustíveis ou produtos químicos intermediários.

Esta estratégia, aliada à sustentabilidade, já foi capaz de criar detergente para a roupa da Unilever e uma coleção de vestidos para a Zara. Entretanto, à procura de criar produtos “amigos do ambiente”, outras marcas procuram também recorrer a este método.

Daniel Cherrin sublinha a importância deste método no mundo da moda. Na colaboração com a Zara, por exemplo, foi possível criar vestidos de festa com poliéster reciclado.

Por norma, trata-se de um material que necessita de recursos fósseis, mas a Lanzatech produziu a coleção recorrendo totalmente ao dióxido de carbono. 

“Isto é importante porque mostra um caminho não fóssil para fabricar produtos que usamos todos os dias, como o vestuário”, sublinha o colaborador.

No catálogo, contam ainda com a L’Oreal, com quem trabalharam na “criação de um cosmético polietileno, feito a partir de emissões industriais de carbono reciclado” e com a Coty, que “começou a produzir fragrâncias a partir de emissões de resíduos no início deste ano”, revela.

Para Daniel Cherrin não restam dúvidas: a introdução deste tipo de produção no mercado é possível e já a podemos ver a acontecer de diversas formas. “É possível entrar nas lojas e comprar produtos feitos a partir de emissões de carbono. Um futuro pós-poluição é inevitável, e nós inventámos uma tecnologia suficientemente grande para satisfazer o momento”, conclui.

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