Saúde

Sabe o que é a fisioterapia preventiva? Conheça a sua importância

Com certeza já ouviu falar da fisioterapia, mas e de fisioterapia preventiva ou de manutenção? O fisioterapeuta e osteopata Marco Clemente explica tudo sobre este tratamento.

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© pexels
Escrito por
Abr. 27, 2023

Assim que os pacientes saem do gabinete, depois de uma sessão de terapia manual, ouvimos muitas vezes: “Parece que cresci”, “Estou mais leve”, “Parece que tenho menos 20 kg”. Juntam-se tantos outros testemunhos que nos relembram a paixão e a razão de estar aqui, do trabalho que desenvolvemos.

Se por um lado é certo que não temos evidência científica quanto à importância da fisioterapia preventiva, por outro, não há dúvida de que esta é a nossa experiência clínica e estes são os relatos de centenas de pacientes.

Nunca é demais repetir que é fundamental a adoção de um estilo de vida saudável, que alie atividade física e uma alimentação rica e equilibrada. Não menos importante é descansar adequadamente, estar bem consigo e com a vida.

É também importante descomprimir, alongar e relaxar através da terapia manual, feita por um profissional competente.

Além disto existe um conjunto de posições muito erradas que adotamos diariamente.

Fruto do stress do dia a dia, das tensões musculares e fasciais, das más posturas adotadas e mesmo de fatores hereditários, é normal que o corpo adote, ao longo do tempo, posições desvantajosas, longe da posição anatómica ideal que pode permitir uma durabilidade maior das estruturas do corpo.

 

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A isto acrescem ainda os microtraumatismos normais no decorrer das muitas atividades feitas no trabalho, desporto, tarefas de casa, os excessos de carga ocasionais e mesmo os erros alimentares e de hidratação, que trazem perturbações (microlesões) nas estruturas musculoesqueléticas, com a instalação de pequenos processos inflamatórios.

Estes, por sua vez, obrigam o corpo a adotar movimentos ou posturas de defesa para evitar a dor, dado que é um dos pilares essenciais da nossa “programação”: o evitar a dor. Estes movimentos e/ou posturas alterados vão também contribuir para a alteração do alinhamento de partes do corpo e assim de todo o conjunto.

Com o passar do tempo, a modificação das forças exercidas na articulação pode levar a sobrecarga numas regiões e o inverso noutras, assim como a limitação do movimento nuns segmentos (hipomobilidades) e noutros hipermobilidades compensatórias.

Estas perturbações podem levar a uma danificação progressiva das estruturas do corpo em regiões muito específicas, nas quais se poderá instalar a patologia musculoesquelética.

Na fisioterapia, quando fazemos uma avaliação pormenorizada da postura e do movimento do corpo, é-nos possível ter uma ideia muito concreta sobre os locais onde há maior probabilidade de surgir patologia.

Se quebrarmos este ciclo, evitando as alterações do alinhamento, através da restauração da mobilidade normal, libertação das tensões musculares e fasciais e de aderências causadas pelos microtraumatismos, promovendo uma postura mais correta e adotando um estilo de vida mais saudável, podemos evitar que a patologia musculoesquelética se instale.

Este trabalho preventivo é de extrema importância e tem vindo a ser defendido há muitos séculos, especialmente pelas culturas orientais, através de técnicas de movimento, massagem e educação. Já no ocidente, pelo contrário, tem havido um desinvestimento na prevenção e investimento apenas no aspeto curativo da saúde.

Quer saber mais sobre esta prática? A Saber Viver conversou com Marco Clemente, fisioterapeuta e osteopata na Clínica de Fisioterapia Physioclem, para descobrir tudo sobre a fisioterapia preventiva.

O que precisa de saber sobre a fisioterapia preventiva

O que é

De acordo com o especialista, a fisioterapia preventiva, ou de manutenção, “caracteriza-se por ser uma atividade dedicada à promoção e/ou restabelecimento do movimento e da funcionalidade, incluindo a promoção da saúde em geral”.

Através da educação, aconselhamento, aplicação de técnicas de terapia manual, exercício e outras modalidades físicas, é possível “prevenir a dor, doença, lesão, limitação ou incapacidade”, depois do fisioterapeuta avaliar “de modo detalhado o sistema do movimento, atividade e participação social, de modo a estabelecer um diagnóstico e prognóstico”, afirma Marco Clemente.

A fisioterapia tende a ser mais necessária quando a pessoa tem uma patologia de base, está a ultrapassar uma fase muito desafiante, tem um trabalho muito exigente fisicamente ou cujo nível de stress é elevado, ou ainda quando não pratica qualquer atividade física – Marco Clemente, fisioterapeuta

Contudo, é necessário distinguir fisioterapia preventiva de fisioterapia de manutenção.

A primeira tem como objetivo principal prevenir “a lesão, doença, limitação e dor“, enquanto a segunda tenta “manter o bem-estar, as capacidades funcionais e a capacidade para manter a participação social”.

O fisioterapeuta confirma que “muitas vezes os objetivos misturam-se, pelo que a fisioterapia pode ser de manutenção, prevenção e de promoção da saúde, em simultâneo“.

Para quem é aconselhada

A fisioterapia preventiva ou de manutenção não tem idades, diz Marco Clemente. Claro que a abordagem é adaptada de acordo com a situação de saúde e objetivos específicos, mas todos podem beneficiar deste tipo de tratamento.

Todavia, o especialista afirma que “esta intervenção tende a ser mais necessária quando a pessoa tem uma patologia de base, está a ultrapassar uma fase muito desafiante, tem um trabalho muito exigente fisicamente ou cujo nível de stress é elevado, ou ainda quando não pratica qualquer atividade física”.

 

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O fisioterapeuta especifica ainda que trata utentes com uma condição prévia de AVC, utentes de idade mais avançada (para reduzir o risco de queda ou agravamento de determinada patologia) e utentes mais jovens com “desconforto gerado pelas tensões/posturas do dia a dia, resultantes da sua prática profissional e desportiva, ou simplesmente pelas tarefas domésticas”.

Quando deve ser iniciada

Marco Clemente explica que devemos recorrer à fisioterapia de prevenção ou manutenção quando sentimos “algum desconforto de origem musculoesquelética” ou quando temos “alguma perturbação do sistema do movimento”.

“Na consulta, quando fazemos uma avaliação pormenorizada da postura, do movimento, da capacidade funcional, assim como da participação social e da relação entre os vários fatores com impacto na saúde, é-nos possível ter uma ideia muito concreta sobre o que é necessário fazer para manter os níveis de saúde e bem-estar”, continua.

Desta forma, o fisioterapeuta pode “aconselhar e orientar para um plano de promoção de saúde, que poderá ou não incluir a fisioterapia de prevenção ou manutenção“, conclui.

Por fim, o especialista aconselha, se passa muito tempo sentada e ao computador, a levantar-se o máximo de vezes possíveis ao longo dia, bem como a praticar atividade física fora do período de trabalho.

Indica ainda a pratica do mindfulness, que, nas suas palavras, ” é uma excelente opção para a pessoa se conhecer melhor, se aceitar e cultivar a calma interior”.

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