Saúde

A asma vai muito além de falta de ar. É isto que deve saber

O termo asma deriva de uma palavra grega – ασμα – que significa ofegante, ou com dificuldade na respiração. Ana Mendes, Imunoalergologia e Coordenadora do Grupo de Interesse de Asma da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica , explica como lidar com ela.

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A asma vai muito além de falta de ar. É isto que deve saber A asma vai muito além de falta de ar. É isto que deve saber
© SHUTTERSTOCK
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Mai. 03, 2022

Esta é uma das doenças crónicas mais frequentes no mundo, sendo a principal na idade pediátrica. Não pode ser curada, mas pode ser tratada. Em Portugal, a prevalência da asma é de cerca de 6,8% (sendo de 10% nas idades acima dos 14 anos), o que se traduz por cerca de 700 mil portugueses com asma, ou seja, um em cada 15 pessoas, a maior parte em idade escolar ou laboral.

A asma é uma doença inflamatória dos brônquios caracterizada por sintomas respiratórios, tais como: pieira, dispneia, aperto torácico ou tosse, que variam em intensidade e duração, alternando com períodos livres de sintomas.

O diagnóstico é essencialmente clínico, com base nos sintomas atrás referidos, mas deve ser complementado pela realização de uma espirometria com broncodilatação, que avalia de forma simples a resposta das vias aéreas a um agente inalado.

Como se trata a asma?

A abordagem do tratamento da asma pode ser dividida em tratamento de manutenção e tratamento da crise. As crises de asma podem ser equiparadas à ponta de um iceberg, ou seja, a parte mais visível do problema. Mas, dentro do conceito de asma como doença crónica, o mais importante é o seguimento longitudinal e a avaliação da necessidade de tratamento de manutenção contínuo.

O tratamento da asma deve ser feito por degraus, de acordo com as guidelines do GINA (Global International Network for Asthma), e baseado nos sintomas, no risco de crise, nos efeitos secundários e na avaliação da resposta inicial. É um tratamento dinâmico e o doente deverá ser reavaliado periodicamente. Os degraus podem ser subidos ou descidos, consoante o nível de controlo conseguido.

No inquérito epidemiológico da asma em Portugal, concluiu-se que 43% da população asmática não estava controlada, mas 88% tinha respondido que considerava a sua doença controlada
Ana Mendes – Imunoalergologia e Coordenadora do Grupo de Interesse de Asma da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) Ana Mendes – Imunoalergologia e Coordenadora do Grupo de Interesse de Asma da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC)

O que é e qual a importância de avaliar o controlo da asma?

O grau de controlo da asma pode ser definido pela forma como os sintomas se manifestam com ou sem tratamento. Para calcular o grau de controlo, existem inquéritos como o CARAT (Control of Allergic Rhinitis and Asthma Test), em que perguntas referentes a sintomas, à interferência na atividade diária e à necessidade de medicação nas últimas quatro semanas ajudam a ter uma melhor perceção do mesmo.

No inquérito epidemiológico da asma em Portugal, concluiu-se que 43% da população asmática não estava controlada, mas 88% tinha respondido que considerava a sua doença controlada.

Esta falta de perceção é uma das responsáveis pela manutenção de queixas e ainda há muitos doentes que se habituam a viver com sintomas.

A terapêutica com biológicos é uma opção, mas, para tal, é necessário identificar qual a etiologia (origem) da asma (endótipo) para podermos adequar a escolha do biológico
Ana Mendes – Imunoalergologia e Coordenadora do Grupo de Interesse de Asma da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) Ana Mendes – Imunoalergologia e Coordenadora do Grupo de Interesse de Asma da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC)

Uma asma não controlada é uma asma grave?

A falta de controlo da asma não está diretamente relacionada com a gravidade da mesma: o nível de medicação necessária para o controlo é que permite classificar a asma de ligeira a grave.

Quando a asma não está controlada, verificamos a adesão à terapêutica, a técnica inalatória, os fatores agravantes (ex.: tabaco, exposição ambiental), doenças concomitantes (comorbilidades) e, depois, subimos degraus de terapêutica. Quando atingimos o nível máximo de medicação, podemos dizer que se trata de uma asma grave.

Neste patamar, a terapêutica com biológicos é uma opção, mas, para tal, é necessário identificar qual a etiologia (origem) da asma (endótipo) para podermos adequar a escolha do biológico. Estes doentes requerem uma abordagem rigorosa e sistemática no seu diagnóstico e tratamento, de preferência realizada por uma equipa multidisciplinar, pelo que devem ser encaminhados para Centros Especializados.

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