A alergia ao pólen é a alergia de primavera por excelência. No último século, assistimos a um progressivo e surpreendente aumento da prevalência da rinite alérgica a pólenes, tendo passado de uma doença rara para se tornar a condição imunológica mais frequente no ser humano hoje em dia.
De facto, a rinite é a mais prevalente das doenças alérgicas e afeta atualmente cerca de 30% dos portugueses.
Sintomas
Os sinais e sintomas da alergia ao pólen são muito semelhantes aos que ocorrem nos quadros de constipação e consistem em:
- Múltiplos espirros;
- Pingo no nariz;
- Congestão nasal;
- Comichão no nariz e olhos;
- Ocasionalmente tosse;
- Outros sintomas respiratórios – em cerca de 40% das pessoas alérgicas a pólenes surge também asma alérgica.
Prevalência dos pólenes em território nacional
Em Portugal, os pólenes existem todo o ano, mas são mais frequentes nos meses de fevereiro a outubro, sendo os picos mais elevados nos meses de maio a julho.
Nos meses de outono e inverno observam-se quantidades mais baixas, e de algumas espécies específicas, como é o caso do cipreste. O pólen das gramíneas, também conhecidas como fenos, é de longe o que provoca mais alergias em Portugal.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o pólen de plantas com flores muito coloridas, ou de tamanho grande (como é o caso do pinheiro), raramente estão implicados nas alergias. O pólen que provoca alergia é habitualmente invisível ao olho humano.
Serei alérgica ao pólen?
Quando um doente sofre de sintomas de rinite e/ou conjuntivite e/ou asma em dias de sol, sobretudo com vento, e melhora nos dias de chuva, é muito provável que sofra de alergia a pólenes.
Para o comprovar e para saber qual o(s) polen(es) envolvidos, é fundamental recorrer a um médico alergologista, que irá analisar o problema e realizar exames – testes na pele (prick) ou, por vezes, análises ao sangue, ou até mesmo exames respiratórios para a asma.
É muito importante o doente ter conhecimento de quais os pólenes que lhe provocam alergia, para prever quais os meses em que terá sintomas, uma vez que a concentração de pólenes de cada espécie tem épocas próprias.
Conhecendo a época de polinização dos pólenes a que o doente é alérgico é possível escolher medicamentos antialérgicos (anti-histamínicos, sprays nasais, etc.) para essa fase, de forma a impedir o aparecimento dos sintomas.
Esta solução é temporária e não cura a doença, mas permite o conforto do doente. Porém, é importante alertar para os perigos da automedicação. Um dos maiores riscos de se utilizar erradamente medicamentos é tomar doses desadequadas e excessivas que podem originar efeitos laterais indesejáveis.
A Organização Mundial de Saúde alerta para outros perigos, tais como:
- Diagnóstico incorreto da doença;
- Atraso e possível agravamento no tratamento da mesma;
- Escolha de tratamento desadequado;
- Duração inadequada do tratamento, etc.
No caso da alergia ao pólen, assistimos à progressão da rinite para sinusite, ou até mesmo asma, quando a doença não é devidamente tratada. Caso a doença seja mais grave, pode optar-se por fazer vacinas antialérgicas – imunoterapia específica, em injeção ou sprays orais.
Apostar na prevenção
Não é possível evitar completamente os pólenes nas épocas em que estão dispersos no meio ambiente exterior, mas algumas medidas ajudam a proteger de quantidades maiores. São elas:
- Conheça o boletim polínico que divulga as previsões de quantidades de pólen em cada semana em Portugal e evite zonas de maior concentração polínica;
- Evite estar ao ar livre nas primeiras horas da manhã, pois é quando há maior quantidade de pólen, sobretudo em dias de muito vento e sol;
- Evite abrir as janelas de casa no horário da manhã (areje antes a casa da parte de tarde);
- Ao chegar a casa, tome um duche e mude de roupa;
- Não deixe a roupa a secar no exterior, prefira o interior de casa ou use a máquina de secar;
- Vá para o trabalho ou escola de carro e mantenha as janelas fechadas. Use filtros anti-pólenes para o ar condicionado;
- Quando viajar de mota, utilize capacete integral;
- Evite cortar a relva;
- Utilize óculos escuros para combater os sintomas oculares;
- Atenção aos desportos de ar livre, campismo, caminhadas na Natureza, etc. Evite-os quando forem previsíveis maiores contagens de pólen;
- São preferíveis atividades e férias na praia se for época de polinização.