Saúde

Alergia ao pólen: como sobreviver à primavera?

A chegada da primavera é, geralmente, motivo de alegria, menos para quem sofre de rinite alérgica. Mariana Couto, imunoalergologista no Hospital da Ordem da Trindade, revela o essencial a saber sobre a alergia ao pólen.

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Alergia ao pólen: como sobreviver à primavera? Alergia ao pólen: como sobreviver à primavera?
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Mai. 05, 2021

A alergia ao pólen é a alergia de primavera por excelência. No último século, assistimos a um progressivo e surpreendente aumento da prevalência da rinite alérgica a pólenes, tendo passado de uma doença rara para se tornar a condição imunológica mais frequente no ser humano hoje em dia.

De facto, a rinite é a mais prevalente das doenças alérgicas e afeta atualmente cerca de 30% dos portugueses.

Sintomas

Os sinais e sintomas da alergia ao pólen são muito semelhantes aos que ocorrem nos quadros de constipação e consistem em:

  • Múltiplos espirros;
  • Pingo no nariz;
  • Congestão nasal;
  • Comichão no nariz e olhos;
  • Ocasionalmente tosse;
  • Outros sintomas respiratórios – em cerca de 40% das pessoas alérgicas a pólenes surge também asma alérgica.

Prevalência dos pólenes em território nacional

Em Portugal, os pólenes existem todo o ano, mas são mais frequentes nos meses de fevereiro a outubro, sendo os picos mais elevados nos meses de maio a julho.

Nos meses de outono e inverno observam-se quantidades mais baixas, e de algumas espécies específicas, como é o caso do cipreste. O pólen das gramíneas, também conhecidas como fenos, é de longe o que provoca mais alergias em Portugal.

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o pólen de plantas com flores muito coloridas, ou de tamanho grande (como é o caso do pinheiro), raramente estão implicados nas alergias. O pólen que provoca alergia é habitualmente invisível ao olho humano.

Conhecendo a época de polinização dos pólenes a que o doente é alérgico, é possível escolher medicamentos antialérgicos para essa fase, de forma a impedir o aparecimento dos sintomas
Mariana Couto, imunoalergologista Mariana Couto, imunoalergologista

Serei alérgica ao pólen?

Quando um doente sofre de sintomas de rinite e/ou conjuntivite e/ou asma em dias de sol, sobretudo com vento, e melhora nos dias de chuva, é muito provável que sofra de alergia a pólenes.

Para o comprovar e para saber qual o(s) polen(es) envolvidos, é fundamental recorrer a um médico alergologista, que irá analisar o problema e realizar exames – testes na pele (prick) ou, por vezes, análises ao sangue, ou até mesmo exames respiratórios para a asma.

É muito importante o doente ter conhecimento de quais os pólenes que lhe provocam alergia, para prever quais os meses em que terá sintomas, uma vez que a concentração de pólenes de cada espécie tem épocas próprias.

Conhecendo a época de polinização dos pólenes a que o doente é alérgico é possível escolher medicamentos antialérgicos (anti-histamínicos, sprays nasais, etc.) para essa fase, de forma a impedir o aparecimento dos sintomas.

Esta solução é temporária e não cura a doença, mas permite o conforto do doente. Porém, é importante alertar para os perigos da automedicação. Um dos maiores riscos de se utilizar erradamente medicamentos é tomar doses desadequadas e excessivas que podem originar efeitos laterais indesejáveis.

A Organização Mundial de Saúde  alerta para outros perigos, tais como:

  • Diagnóstico incorreto da doença;
  • Atraso e possível agravamento no tratamento da mesma;
  • Escolha de tratamento desadequado;
  • Duração inadequada do tratamento, etc.

No caso da alergia ao pólen, assistimos à progressão da rinite para sinusite, ou até mesmo asma, quando a doença não é devidamente tratada. Caso a doença seja mais grave, pode optar-se por fazer vacinas antialérgicas – imunoterapia específica, em injeção ou sprays orais.

Apostar na prevenção

Não é possível evitar completamente os pólenes nas épocas em que estão dispersos no meio ambiente exterior, mas algumas medidas ajudam a proteger de quantidades maiores. São elas:

  • Conheça o boletim polínico que divulga as previsões de quantidades de pólen em cada semana em Portugal e evite zonas de maior concentração polínica;
  • Evite estar ao ar livre nas primeiras horas da manhã, pois é quando há maior quantidade de pólen, sobretudo em dias de muito vento e sol;
  • Evite abrir as janelas de casa no horário da manhã (areje antes a casa da parte de tarde);
  • Ao chegar a casa, tome um duche e mude de roupa;
  • Não deixe a roupa a secar no exterior, prefira o interior de casa ou use a máquina de secar;
  • Vá para o trabalho ou escola de carro e mantenha as janelas fechadas. Use filtros anti-pólenes para o ar condicionado;
  • Quando viajar de mota, utilize capacete integral;
  • Evite cortar a relva;
  • Utilize óculos escuros para combater os sintomas oculares;
  • Atenção aos desportos de ar livre, campismo, caminhadas na Natureza, etc. Evite-os quando forem previsíveis maiores contagens de pólen;
  • São preferíveis atividades e férias na praia se for época de polinização.

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