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A Branca de Neve: Caranguejo

Descubra o conto de fadas que melhor a caracteriza, de acordo com o seu signo. As histórias de infância podem afinal dizer mais sobre nós do que imaginamos. Conheça o conto de Caranguejo.

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A Branca de Neve: Caranguejo A Branca de Neve: Caranguejo
© Grafismo: Carolina Carvalhal
Bárbara Bonvalot, astróloga
Escrito por
Jun. 22, 2020

Uma menina é rejeitada por quem a devia proteger e, nas profundezas da floresta, conhece o que é uma família e um lar, aprendendo assim a expressar da melhor forma a energia do signo de Caranguejo.

Branca de Neve é um dos contos de fadas mais populares e mais adaptados de sempre. A versão mais conhecida hoje em dia é, provavelmente, a do filme de animação de Walt Disney Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937.

Existem variantes desta história por todo o mundo, no entanto, foram os irmãos Grimm quem primeiramente editou este conto, recolhido directamente da tradição oral.

Como tantos outros, Branca de Neve foi sofrendo adaptações socioculturais e, se nas suas últimas versões para o cinema, em 2012, ela ganha um lado de action heroine, na história dos irmãos Grimm havia pormenores algo sórdidos, que hoje dificilmente contaríamos às nossas crianças.

Branca de Neve

A história começa com uma rainha que deseja muito ter uma filha. Enquanto cose à janela, ela pica-se e caem três gotas de sangue na neve e a rainha pensa para consigo que gostaria de ter uma filha “branca como a neve, vermelha como o sangue e preta como o ébano”.

A maternidade é um tema de Caranguejo, para quem a família e os filhos são tão importantes, mas nestas palavras está implícito um significado mais profundo, o ciclo das idades da mulher.

Estas três cores evocam a Deusa Tríplice, as três fases visíveis da Lua, regente daquele signo. O branco simboliza o quarto crescente, a donzela, o vermelho a lua cheia, a mulher madura, menstruada, que está pronta para conceber e para dar à luz, e o negro a anciã, o quarto minguante.

Meses mais tarde nasce uma menina com a pele branca como a neve, as faces vermelhas como o sangue e o cabelo preto como o ébano, a quem é dado o nome de Branca de Neve.

Na última revisão do conto pelos irmãos Grimm, de 1854, a mãe morre no parto e é substituída por uma madrasta, mas na primeira edição, de 1812, mais próxima da tradição oral, isso não acontece e é a própria mãe que assume o papel de antagonista.

A verdade é que o conceito de colo incondicional é um mito que nenhuma mãe consegue viver durante todo o tempo e há sempre momentos em que a melhor das mães passa a ser a pior das madrastas.

A Lua, regente de Caranguejo, nem sempre brilha cheia e redonda no céu nocturno, há noites em que ela se fecha e se esconde de nós. Os nativos de Caranguejo são profundamente ligados aos ciclos lunares e também os seus humores sofrem flutuações, eles tanto podem ser a mãe que alimenta e nutre, como o bebé carente que chora pela atenção da mãe ausente.

Caranguejo é bastante apegado à família e às raízes e largar o ninho pode ser bastante difícil
Bárbara Bonvalot Bárbara Bonvalot

Depressa percebemos que a maternidade não é uma vocação da mãe da Branca de Neve (e muito menos da madrasta). Mais preocupada com a sua vaidade, ela valida constantemente a sua beleza com um espelho mágico, que a assegura de que ainda está no seu auge.

Os espelhos são portas para o inconsciente, um domínio lunar e conhecido de Caranguejo, signo intuitivo, que conhece bem as nossas águas internas. Mas um dia o espelho responde à rainha que Branca de Neve a ultrapassa em encanto e formosura.

Percebendo que o seu ciclo está prestes a entrar na fase decrescente, a rainha culpa Branca de Neve pelo seu declínio e envia um caçador para a matar e trazer-lhe o seu coração (em algumas versões são os pulmões e o fígado), que ela em seguida manda cozinhar e come.

Em algumas culturas canibais, os guerreiros acreditam que, ingerindo os órgãos do inimigo, integrarão as suas qualidades. Este é o ponto máximo da negação da maternidade, esta mãe não só deixou de alimentar a sua filha, como ainda exige que a filha a alimente a ela.

Mas o caçador teve pena da menina e deixou-a viver, levando para a rainha o coração de um javali. Branca de Neve vagueia pela floresta, onde pela primeira vez enfrenta os seus medos e a realidade da sua solidão, sem o apoio, ainda que ilusório, da mãe.

Caranguejo é bastante apegado à família e às raízes e largar o ninho pode ser bastante difícil, criando-se às vezes situações de interdependência que não são benéficas para ninguém, nem para o filho, nem para a mãe.

Caranguejo cria os laços emocionais onde ancoramos as nossas raízes e onde podemos crescer fortes e em segurança
Bárbara Bonvalot Bárbara Bonvalot

Pouco antes de cair a noite, Branca de Neve encontra uma casinha e decide entrar para descansar. Depois de saciar a sua fome e a sua sede, ela deita-se para dormir numa das sete caminhas. Este é o lar dos sete anões, que quando chegam a casa depois de um dia de trabalho, ficam bastante surpresos com a visita inesperada.

Na versão de Walt Disney, os anões são retratados como umas “crianças desarrumadas” e a rapariga assume espontaneamente o seu papel de fada do lar. Na versão dos Grimm ela é empurrada para esse papel pelos anões que lhe permitem que fique com eles desde que ela lhes cuide da casa e mantenha tudo limpo, aprendendo a desempenhar o papel da mãe.

Em ambos os casos os anões — em algumas variantes do conto estes são substituídos por ladrões — acabam por dar a conhecer à Branca de Neve o conceito de família e de lar e por lhe dar a oportunidade de ser a mãe cuidadora e dedicada que ela não teve.

Caranguejo é um signo de água cardinal, ele cria os laços emocionais onde ancoramos as nossas raízes e onde podemos crescer fortes e em segurança.

A jovem princesa acomoda-se à sua nova família, mas a sua mãe, ao aperceber-se de que ela ainda vive, tenta seduzi-la de formas diferentes até que, à terceira tentativa, com uma maçã envenenada, a consegue matar.

Esta mãe quer travar o ciclo da vida, ainda que para isso a sua cria tenha que morrer. Algumas mães (e pais) Caranguejo acabam por fazer o mesmo e tentam parar o rumo natural do crescimento, abafando a individualidade e autonomia dos seus filhos, matando a sua vontade e a sua expressão.

É precisamente na vulnerabilidade e sensibilidade de Caranguejo que está a sua tenacidade e a sua maior luz
Bárbara Bonvalot Bárbara Bonvalot

Quando os anões vêem Branca de Neve morta ficam muito tristes e choram durante três longos dias. Como ela continua tão bonita como antes, eles decidem fazer um caixão de vidro, de forma a que a sua beleza possa continuar a ser admirada.

Caranguejo e a casa 4 de um mapa astrológico, a casa com afinidade com este signo, têm uma ligação especial com o passado, como se o passado, por ser o lugar de onde cresce o presente, nunca deixasse de existir.

Assim, pessoas com esta energia forte no mapa natal podem ter um interesse por temas históricos, ou um gosto especial por objectos vintage, ou podem ainda valorizar o património e as suas raízes familiares ou culturais, preservando, de alguma forma, a memória individual, familiar ou colectiva.

Um príncipe, que por ali passava, ficou tão encantado com a beleza de Branca de Neve, que pede aos anões que lhe ofereçam o caixão. Estes consentem e, enquanto os criados transportavam o caixão, um deles tropeça num tronco. Com o sobressalto o bocado de maçã alojado na garganta da princesa salta e esta acorda, apaixona-se pelo príncipe e casa-se com ele.

Este final, aparentemente inglório para a nossa heroína e substituído no filme de Disney por um beijo de amor verdadeiro, mostra-nos a simplicidade, mas também a forma indirecta e lateral de Caranguejo agir.

Este não é um signo de grandes gestos, como Leão, que se lhe segue, nem de grandes intensidades, como Escorpião, o próximo signo de água. Caranguejo é um signo discreto e despretensioso e que muitas vezes usa tácticas indirectas, mas não menos eficazes para chegar aonde quer.

Ele conhece os ciclos da lua e o ritmo da vida, ele gosta dos ambientes domésticos e protegidos e pode facilmente passar despercebido, mas é precisamente na sua vulnerabilidade e na sua sensibilidade que está a sua tenacidade e a sua maior luz.

Bárbara Bonvalot começou a estudar Astrologia em 2005 e inicia o seu percurso como astróloga profissional em 2009. Actualmente é consultora e formadora de Astrologia, membro da AFAN (Association for Astrological Networking) e da ASPAS (Associação Portuguesa de Astrologia). Entende a Astrologia como uma linguagem que nos leva a um conhecimento profundo de nós mesmos, dos outros e da própria vida.

*artigo escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico.

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