Viagens e lazer

Malásia: o país das três culturas com praias, templos e florestas

A Malásia é um verdadeiro melting pot, que vive entre arranha-céus, templos, florestas, praias magníficas e uma gastronomia bem temperada. Viajar por este país do Sudeste Asiático é conhecer uma cultura que na realidade são três: malaia, chinesa e indiana.

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Malásia: o país das três culturas com praias, templos e florestas
Rita Caetano
Escrito por
Set. 07, 2018

Malaios, chineses e indianos fazem da Malásia um país rico culturalmente, efervescente e de um colorido único. Essa é a primeira imagem que se retém mal se põe um pé em Kuala Lumpur. A capital do país é uma metrópole que mistura povos, gastronomia e arquiteturas díspares, feitas de arranha-céus, mas também de edifícios tradicionais.

Menos caótica do que Banguecoque ou Hanói, Kuala Lumpur não deixa de ter aquele encanto asiático, onde prevalece um aroma constante a comida, um vaivém incessante de indivíduos, um ruído contínuo, vindo das pessoas e do trânsito que apenas é silenciado pelo chamamento das mesquitas à hora certa.

A Malásia é um só mundo

A margem Oeste do rio Klang, o Distrito Colonial, cujo centro é a praça Merdeka (que significa independência e foi aqui que foi declarada a da Malásia), é um bom ponto de partida para desbravar a cidade. Sobressai o edifício do sultão Abdul Samad, de estilo mourisco, semelhante à antiga estação ferroviária e à Mesquita Jamek, a mais antiga de Kuala Lumpur, todos no mesmo lado da cidade.

Ainda nesta mesma zona, situa-se a Mesquita Nacional, chamada Negar, cujos exteriores podem ser visitados fora das horas das orações. Atrás desta, encontra-se o melhor museu da cidade, o Museu de Arte Islâmica (2,50€), que alberga uma fantástica coleção de têxteis, cerâmicas e peças de metal, bem como de livros antigos, entre os quais o Alcorão e várias réplicas de algumas das maiores mesquitas do mundo. Além do interesse cultural e histórico, a arquitetura também é uma referência deste edifício, onde não falta uma cúpula de azulejos verdes e azuis e pátios árabes com vista para os Lake Gardens, uma das principais áreas verdes da cidade.

Da China à Índia

Em Chinatown, ao lado do Mercado Central, entra-se noutro mundo, o da azáfama e das compras. Todos os dias, o cenário repete-se: logo de manhã, os vendedores montam bancas de tudo e mais alguma coisa e, à noite, voltam a desmontá-las numa coreografia de movimentos, sons e cor. Curiosamente, é no bairro chinês que se situa o maior templo hindu da cidade, Sri Maha Mariamman.

China Town, Kuala Lumpur © Getty Images

 

A Little India fica algumas ruas acima e ali perto não falta sequer um cinema onde é possível ver filmes de Bollywood, o Coliseum Theatre, que é a única sala de cinema que resta dos tempos coloniais e que mantém o estilo art deco, tal como o seu café, onde o tempo parece ter parado. E, por falar em tempos idos, há outra experiência obrigatória – fazer uma refeição no Old China Café, em Chinatown. Este faz lembrar a China dos anos 20 do século passado e, além de a comida ser excelente, parece mesmo que se está a entrar em casa de alguém.

A rasar o céu

Na parte nova da cidade, conhecida como Triângulo Dourado, os arranha-céus parecem não ter fim. Os mais emblemáticos são as Petrona Towers (16€; marque a sua ida no site). Do alto dos seus 452 metros imponentes e do deck de observação, é possível ver toda a cidade. Mas a parte mais emocionante é atravessar a Skybridge, que liga as duas torres e é o primeiro ponto de paragem nesta viagem a este reino de ferros e vidro.

Se for à noite, aproveite para ver o espetáculo de luz e som nos jardins das torres. Sessenta e nove metros mais baixa e não muito longe das torres gémeas malaias, a Menara KL Tower (10€) é outro dos ex-líbris da cidade, com a vantagem de o deck de observação ser ao ar livre. Depois desta visão quase galáctica, o próximo passo só pode ser a rua mais movimentada de Kuala Lumpur, Bukit Bintang.

Petrona Towers, Kuala Lumpur © Getty Images

 

Porta sim, porta sim, há uma loja, onde se encontram muitas das grandes marcas internacionais, mas também bares e restaurantes. Contudo, é um pouco mais à frente que encontramos a rua mais saborosa de Kuala Lumpur, a Jalan Alor, onde se pode provar a melhor comida de rua da cidade, com grande destaque para o peixe.

Montanha e praia

Já fora da cidade, a 30 minutos de comboio de Kuala Lumpur, as grutas Batu são um local sagrado para os hindus – um dos mais importantes fora da Índia. Lá chegados, há duas coisas que saltam à vista: os 272 degraus que vamos subir e a gigantesca estátua do deus Muruga, que tem 43 metros de altura e é dourada. Lá em cima, existem vários templos hindus e macaquinhos atrevidos. Já nas descidas, coloque o capacete e faça uma viagem até à Dark Cave (7€).

Quando o guia pedir para desligar as lanternas, vai perceber o porquê do nome. Mais a norte, encontram-se as Terras Altas de Cameron, uma área verde entre os 1300 e os1800 metros acima do nível do mar, onde as temperaturas são bem mais baixas do que no resto do país. É o local ideal para fazer caminhadas entre as plantações de chá, pomares, viveiros de borboletas e, claro, conhecer as povoações que a compõem (Ringlet, Tanah Rata, Brinchang, Tringkap, Kuala Terla e Rampung Raja).

Ilhas Perhetian © Malasya Tourism Promotion Board

 

Obrigatório também é beber um chá e comer um scone, um hábito que ficou do colonialismo inglês. A Malásia alberga também aquela que se diz ser a floresta mais antiga ainda existente. Taman Negara tem cerca de 130 milhões de anos e uma das suas principais atrações é um caminho feito entre árvores, em pontes suspensas, e a sua paisagem. As ilhas malaias também são conhecidas por albergarem praias fantástica de águas quentes e de areia branca, até às quais se chega passando uma densa vegetação. Na impossibilidade de visitar todas, escolhemos as Perhenthian, a 40 minutos de barco de Kuala Besut, na costa Este do país. Besar é a ilha maior, mas Kecil é mais selvagem, com pequenos alojamentos e noites passadas à volta da fogueira na praia. Uma das atividades a experimentar é o snorkeling.

Ilhas Perhetian © Getty Images

 

A ‘europeia’ Malaca

Rumando para Sul e apenas duas horas de viagem de autocarro de Kuala Lumpur, chegamos a Malaca, que é uma espécie de súmula do colonialismo europeu. Por ali andaram portugueses, holandeses e britânicos e ainda hoje há vestígios dessa passagem. Podemos mesmo dizer que, a quase 12 mil quilómetros de Portugal, Malaca tem um lado bem português. Os mais famosos são a Porta de Santiago, o que resta da fortaleza A Famosa, as ruínas da Igreja de São Paulo, que no alto de uma colina permitem ver toda a cidade. Além disso, são o local escolhido pelo pintor Sazali Said para mostrar o seu trabalho quando não está no estúdio. Trocar dois dedos de conversa com ele é ficar a saber mais sobre a cidade, o seu passado e o seu presente. Faça-o. Os vestígios portugueses não se ficam pelo centro histórico, considerado património da UNESCO.

Malaca © Malasya Tourism Promotion Board

 

Junto ao mar, num local mais afastado do coração da cidade, há um bairro português, de casas térreas e com um crucifixo por cima da porta, que ainda tem ruas de nomes portugueses e onde vivem os descendentes dos nossos antepassados. Há até um Cristo Rei e um palco onde se celebram os santos populares.

Voltando ao centro, Malaca é uma cidade pitoresca à beira-mar plantada, dividida por um canal que pode ser percorrido de barco (3€). Nesta viagem é possível ver como a cidade tem aproveitado a arte urbana para embelezar as suas margens. Os edifícios pintados – casas, galerias, bares e hotéis – dão-lhe um colorido ímpar e contam muito da sua rica história. Na rua mais famosa, Jonker Walk, há vários antiquários e cafés muito modernos (The Daily Fix e Blaklane Coofee são um exemplo). À sexta-feira e ao sábado, esta mesma rua transforma-se num mercado com comida local e todo o tipo de bugigangas.

O que tem mesmo de saber:

Como ir: Com a Emirates é possível viajar até Kuala Lumpur, com escala no Dubai.
Preço: A partir de 830€ (preço mais baixo numa pesquisa feita para agosto). Do aeroporto até ao centro da cidade, há um comboio rápido (11€). Quando ir: De março a novembro, ou seja, fora da época das monções. A temperatura ronda os 30ºC e os níveis de humidade são elevados.
Moeda: Ringgit malaio: 1€ = 4,72MR.
Cuidados de saúde: Faça uma Consulta do Viajante, pelo menos, um mês antes da partida. Não há vacinas obrigatórias, mas são recomendáveis as da hepatite A e da tifoide, para evitar contaminações pela comida e água. Se for para zonas rurais, deve fazer a profilaxia da malária e levar repelente.


Já foi à Malásia? Se gostava de ir à Ásia, saiba ainda por que deveria visitar o Japão.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 218, agosto de 2018

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