Sexo

Crónica. Stresse, ansiedade e medo: antídotos para a intimidade

Aprenda a Saber Viver sem tabus. Todos os meses, a sexóloga Vânia Beliz promete falar abertamente sobre sexualidade, com o propósito de desmistificar questões associadas ao sexo e à intimidade, e para a fazer pensar e refletir sobre temas que podem, mesmo, mudar a sua vida.

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Crónica. Stresse, ansiedade e medo: antídotos para a intimidade Crónica. Stresse, ansiedade e medo: antídotos para a intimidade
© Shutterstock
Vânia Beliz, cronista
Escrito por
Jan. 14, 2021

Continuamos a desvalorizar o impacto que a saúde mental tem na nossa sexualidade. Numa altura em que os nossos níveis de stresse parecem ser inevitáveis, o nosso desejo parece diminuir exponencialmente. Então surge a culpa… de não se estar disponível, de não acontecer hoje, esta semana, este mês.

A frequência sexual não tem de ser um objetivo. Cada um saberá da sua relação e há muito que quantidade não é sinónimo de qualidade.

Não temos um relógio de ponto à cabeceira, e o facto de estarmos mais afastados sexualmente não significa que não estejamos apaixonadas ou felizes com quem estamos. É como adorarmos gelado, mas no inverno quase nunca apetece.

Não exija demasiado de si, não faz mal não querer (ter sexo) e não conseguir, especialmente num período onde a incerteza nos destabiliza
Vânia Beliz Vânia Beliz

Não gosto quando nos fazem crer que somos máquinas sexuais, que nos deitamos de lingerie e acordamos frescas e fofas. Numa altura em que surgem tantos desafios e que temos tantas preocupações nas nossas cabeças, é normal que para muitos o sexo passe para segundo plano.

Cada um tem as suas prioridades pessoais e aproveitar mais um confinamento para conversar, reconhecer e redescobrir o outro, pode ser uma forma de criar também a intimidade, que tantas vezes perdemos na correria dos nossos dias.

Para os mais ansiosos e para as personalidades mais depressivas, pedir ajuda é fundamental. Sabemos que a medicação para a redução deste tipo de queixas pode trazer algumas dificuldades no desejo, excitação e orgasmo, mas é importante que não nos afundemos e que possamos resistir a estes desafios de forma mais funcional.

Agora que os próximos dias e semanas convidam ao recolhimento, aproveite para descansar, para ler um livro estimulante ou para fazer algo que goste e que tantas vezes evita porque não tem tempo.

Evite culpar-se se não surgir energia, vontade e desejo. Reflita sobre as suas emoções e converse sobre elas. Escute e sinta-se ouvida. Desafie quem está consigo a partilhar o mesmo.

O sexo é apenas um resultado da soma de muitas outras coisas. Não exija demasiado de si, não faz mal não querer e não conseguir, especialmente num período onde a incerteza nos destabiliza.

A intimidade constrói-se. Aposte na partilha de emoções e estreite laços, o resto acontecerá quando mente e corpo estiverem alinhadas.

Vânia Beliz licenciou-se em Psicóloga Clinica e da Saúde. Mestre em Sexologia e doutoranda em Estudos da Criança na especialidade de Saúde Infantil, na Universidade do Minho, participa em projetos no âmbito dos Programas de Educação para a Saúde (PES) e o Projeto de Educação Sexual “A viagem de Peludim”, para crianças. É autora do livro Ponto Quê?, sobre a sexualidade feminina, e de Chamar As Coisas Pelos Nomes, dirigido às famílias sobre como e quando falar sobre sexualidade.

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