Saúde

Papanicolau: quando e como deve ser feito este exame

O papanicolau é um exame simples e rápido que recolhe células do colo do útero para análise. O seu principal objetivo é o controlo e prevenção do cancro do colo do útero. Este exame tem este nome peculiar já que o médico que o inventou, em 1940, se chamava Georgios Papanicolau.

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Papanicolau: quando e como deve ser feito este exame Papanicolau: quando e como deve ser feito este exame
© Getty Images
Marta Rebelo da Silva
Escrito por
Jun. 16, 2021

O cancro do colo do útero é causado por uma infeção persistente do vírus HPV (Vírus do Papiloma Humano) de alto risco.

Numa fase inicial, não apresenta qualquer tipo de sintomatologia específica. Numa fase mais avançada, a doença pode manifestar-se através de diversos sintomas como perda de sangue fora do período menstrual ou após a relação sexual, corrimento vaginal anormal, com mau odor, dor pélvica, alterações urinárias e retais.

Em Portugal, morre uma mulher por dia com este cancro.

O que é o exame de Papanicolau?

A citologia do colo do útero ou colpocitologia, mais conhecido como Papanicolau, é um exame ginecológico que tem como objetivo detetar precocemente lesões no colo do útero e permitir o seu tratamento de forma atempada e adequada, de forma a prevenir a evolução de alterações das células do colo do útero para cancro.

Tradicionalmente, o exame realizado era a citologia convencional com esfregaço de Papanicolau (realizado com uma lâmina). Mas a citologia em meio líquido (em que o resultado é colocado num frasco) tem sido realizada de forma crescente, já que a sua interpretação é mais fácil e ainda permite a realização de exames complementares.

Indicações para a realização do exame

Uma vez que a citologia do colo do útero é um exame de rastreio do cancro do colo uterino, este tem indicação para ser realizado a todas as mulheres.

Este é o único exame de rastreio a ser realizado às mulheres com menos de 30 anos de idade. A partir desta idade, pode ser utilizado o teste de HPV de alto risco isoladamente ou associado à colpocitologia como forma de rastreio.

Existem dois tipos de rastreio, o organizado e o oportunista, tendo cada um deles recomendações distintas. O rastreio organizado é aplicado a toda a população como uma medida de saúde pública e tem como principal objetivo diminuir a mortalidade devido ao cancro do colo do útero. Deve ser iniciado aos 25 anos e termina aos 65 anos de idade. A repetição do exame é feita de três em três anos.

Já o rastreio oportunista faz parte dos cuidados de saúde personalizados e individualizados, sendo o exame realizado após a avaliação de caso a caso. Inicia-se depois dos 21 anos ou após os três anos do início da atividade sexual. Neste caso, não há idade limite para deixar de realizar o exame.

Em ambos os rastreios, nas mulheres com mais de 30 anos, pode ser realizado o teste de HPV de alto risco, devendo ser repetido de cinco em cinco anos. Assim, este exame não tem indicação para ser realizado numa mulher nunca teve relações sexuais.

As mulheres que foram vacinadas contra o HPV de forma profilática devem, ainda assim, manter as recomendações de rastreio de forma semelhante à população em geral.

Em casos específicos de mulheres que tenham doenças que alteram a sua imunidade (imunodeprimidas), devem realizar o exame de rastreio de forma anual.

Requisitos a ter em conta

Para a realização da colpocitologia a mulher não necessita de nenhuma preparação prévia. No entanto, há alguns requisitos que devem ser tidos em conta.

Se tiver um corrimento sugestivo de infeção, deve ser avaliada pelo médico e fazer o tratamento adequado previamente. O tratamento da atrofia vulvo-vaginal na mulher menopausica também pode ser aconselhável previamente à realização do exame citológico, que poderá ser realizado nos meses seguintes.

Se a mulher estiver eventualmente menstruada, o exame não deve ser realizado, pois as células do colo uterino recolhidas vão estar misturadas com sangue, o que dificulta a sua interpretação. No entanto, as perdas de sangue fora das menstruações ou durante e após as relações sexuais podem ser indicação para a realização do exame, uma vez que o o colo do útero é visto na observação clínica.

Um dos requisitos essenciais é que a mulher não tenha relações sexuais no dia anterior à realização do exame.

Uma mulher grávida pode fazer o exame, sendo até recomendada a sua realização. Esta é ainda uma boa oportunidade de rastreio para as mulheres que não o fizeram de forma adequada anteriormente à gravidez.

Como é feito o exame do Papanicolau?

O exame de Papanicolau é um procedimento indolor em que, inicialmente, é colocado o espéculo para permitir a visualização de todo o colo do útero. Posteriormente, é utilizado um pequeno “escovilhão” que é introduzido e rodado no orifício externo do colo uterino, de forma a serem recolhidas células da zona cervical.

Depois, ou o escovilhão é passado numa lâmina (esfregaço de Papanicolau), deixando as células aí espalhadas e fixadas, ou é colocado num frasco com um meio líquido (citologia em meio líquido), ficando as células aí libertadas.

O método em meio líquido é o ideal pois as células não sofrem tantas alterações e é possível realizar outros exames complementares, como o teste de HPV. Depois, as células recolhidas do colo do útero (em lâmina ou em meio líquido) são enviadas para o laboratório para análise por um médico anatomopatologista.

O exame aponta os fungos e as bactérias encontrados na amostra e classifica as eventuais anormalidades nas células.

Cuidados após o exame

Depois da realização do exame de Papanicolau não é necessário nenhum cuidado especial. É de alertar que pode haver uma pequena perda de sangue (corrimento acastanhado).

Resultado

O exame aponta os fungos e as bactérias encontrados na amostra e classifica as eventuais anormalidades nas células.

Essas alterações podem ser benignas, tumores ou, ainda, lesões que, se não forem tratadas, podem originar um tumor maligno no futuro. Se o resultado levantar qualquer questão suspeita, deverão ser pedidos testes mais detalhados.

Quanto custa um exame de Papanicolau?

A colheita das células para análise é realizada, geralmente, no decorrer da consulta ginecológica, podendo os custos deste procedimento estar ou não englobados no custo da consulta.

Se realizado a título particular, habitualmente é inferior a uma centena de euros.

No entanto, este valor pode variar de acordo com a clínica que executa o exame e pode ser inferior, caso a utente disponha de algum subsistema de saúde, como por exemplo, SNS, ADSE, seguros de saúde, entre outros).

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