Saúde

Doença de Crohn: reconheça os sinais e saiba quais os melhores tratamentos

As causas são desconhecidas e pode surgir em qualquer idade. Em Portugal, os números revelam que a Doença de Crohn, uma doença inflamatória do intestino, está a aumentar. Saiba como reconhecer os sintomas e qual o melhor tratamento.

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Doença de Crohn: reconheça os sinais e conheça os tratamentos
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Fev. 28, 2018

Doença de Crohn: o nome em si não diz muito e pouco se sabe sobre as suas causas. O que se sabe é que é “uma doença inflamatória crónica do intestino e que está integrada nas doenças auto-imunes, ou seja, nas doenças em que o sistema imunitário fica ativado e desencadeia uma resposta inflamatória contra a própria parede digestiva”, explica Miguel Bispo, secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG).

A causa é desconhecida e sabe-se que a história familiar aumenta a suscetibilidade para o aparecimento da doença. Pensa-se que quando uma pessoa com maior risco inerente da doença (com suscetibilidade genética) é exposta a determinados fatores ambientais desencadeantes, o sistema imunitário é inapropriadamente ativado”.

O processo inflamatório poder atingir qualquer parte do tubo digestivo. Ainda assim, as localizações mais frequentes são “a parte terminal do intestino delgado e o intestino grosso. A inflamação poderá atingir toda a espessura da parede intestinal e provocar úlceras no seu revestimento interior”, explica o gastrenterologista.

Fatores de risco da doença de Crohn

O tabagismo é um fator de mau prognóstico na doença de Crohn, ainda que a relação entre o tabaco e a doença inflamatória intestinal seja complexa. “Vários estudos apontam para um maior risco de aparecimento de doença de Crohn em fumadores, mas o aspeto mais relevante documentado na literatura é a influência negativa do tabaco na história natural da doença”, explica Miguel Bispo.

Sabe-se que o tabaco amplia a gravidade da doença e diminui a resposta à terapêutica. Os doentes fumadores “apresentam globalmente pior qualidade de vida e maior necessidade de cirurgia no decurso da doença”.

Além do tabagismo sabe-se que a doença é mais frequente “nos meios urbanos ou industrializados, particularmente nas classes socioeconómicas mais favorecidas”. Já a potencial influência da dieta no aparecimento da doença não está totalmente definida. “Não existem alimentos específicos associados de forma consistente a um maior risco de doença”.

No entanto, manifesta-se geralmente antes dos 40 anos e é mais frequente em determinados grupos étnicos. São exemplo: “os descendentes dos judeus da Europa de leste”. O que se sabe é que a história de doença inflamatória intestinal em familiares de primeiro grau tem um impacto importante no risco da doença.

Doença hereditária?

Segundo o gastrenterologista, a suscetibilidade à doença “é determinada por fatores genéticos, mas não poderá ser categorizada como uma doença hereditária”. Isto porque “cerca de 10% dos doentes têm outro familiar próximo com a mesma doença.

Diagnóstico e tratamento

Na opinião de Miguel Bispo não existe um exame isolado que permita diagnosticar a doença. “O diagnóstico implica a integração de dados da história clínica com os achados de vários exames complementares de diagnóstico, como análises clínicas, ecografia, TAC, ressonância magnética e endoscopia/colonoscopia, incluindo a colheita de fragmentos de tecido intestinal para biópsia”.

Já o tratamento deve ser individualizado tendo em conta fatores como a idade, presença simultânea de outras doenças, gravidade, localização e extensão da doença. “O tratamento não cura a doença, mas induz e mantém a sua remissão (ao controlar a inflamação), melhorando a qualidade de vida dos doentes”, sublinha o especialista.

Sintomas

Entre os sintomas mais frequentes há a destacar a diarreia, a dor abdominal, o emagrecimento e a febre.

• Dor abdominal: é geralmente intermitente/recorrente, frequentemente depois das refeições.

• Diarreia: outra manifestação clínica da doença, podendo as dejeções conter sangue e provocar anemia.

• Perda do apetite e emagrecimento: são frequentes e podem provocar nas crianças atraso no crescimento.

• Febre: Na fase aguda podem, também, aparecer febre, dor articular e em alguns casos doença perianal (abcessos/fístulas).


 

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