Nem todos vivemos o Natal e as festividades de fim de ano da mesma forma. Há quem celebre rodeado de família e amigos, quem passe esta época a sós ou quem opte por não celebrar. Para muitas famílias, porém, este período marcado por tradições e encontros pode trazer à superfície emoções menos felizes, sobretudo quando se vive a perda de alguém que se ama.
Segundo Cátia Silva, psicóloga clínica especializada em ansiedade, depressão, autoestima, luto, burnout e PHDA, datas com forte carga simbólica tendem a reativar processos emocionais associados ao luto: “O corpo responde com maior sensibilidade, podendo surgir tristeza profunda, ansiedade, irritabilidade ou um desconforto difícil de explicar. Um lugar vazio não representa apenas a falta física de alguém. Representa o vínculo, a história partilhada, os papéis familiares e os afetos construídos ao longo do tempo. A mesa, enquanto espaço relacional, reflete o equilíbrio do sistema familiar. Quando alguém falta, esse equilíbrio altera-se”.
Então, como lidamos com a ausência de alguém no Natal? Cátia Silva dá algumas dicas para viver esta altura dolorosa.
Como lidar com a perda no Natal
• Reconhecer a ausência: ajuda a reduzir o conflito interno. Ignorar o que se sente aumenta a tensão emocional;
• Ajustar expectativas: permite viver esta fase de forma mais realista, sem a obrigação de felicidade constante;
• Criar pequenos rituais de homenagem: favorece a integração da memória sem intensificar o sofrimento;
• Aceitar diferentes formas de viver o luto dentro da família: evita conflitos e promove respeito emocional. Equilibrar continuidade e mudança nos rituais ajuda o cérebro a adaptar-se à nova realidade;
• Proteger o próprio ritmo emocional: reduz a sobrecarga e previne exaustão;
• Procurar apoio psicológico: quando o peso emocional é intenso, facilita a integração da perda.
“É possível viver esta época com mais equilíbrio quando se aceita que o Natal pode conter simultaneamente saudade e significado”, afirma a psicóloga. “Não se trata de preencher o lugar vazio, mas de aprender a conviver com ele, de forma mais segura e consciente”, conclui.
Recursos úteis
- Ordem dos Psicólogos Portugueses: www.ordemdospsicologos.pt/pt/membros
- Linha SNS 24: 808 24 24 24
- SOS Voz Amiga: 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660
- INEM (emergências): 112
