Viagens e lazer

O que fazer em dois dias na cidade de Istambul

Vive entre a Europa e a Ásia, tem uma riqueza histórica ímpar e está enquadrada por mesquitas, igrejas, palácios bizantinos e otomanos, ruínas, bazares e, claro, pelo Bósforo. A maior cidade turca é intensa e prende-nos para sempre. Saiba o que deve visitar em Istambul.

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O que fazer em dois dias na cidade de Istambul O que fazer em dois dias na cidade de Istambul
© getty images
Rita Caetano
Escrito por
Set. 16, 2022

Istambul ostenta um título que a torna especial: é a única cidade do mundo que se divide entre dois continentes. De um lado, a Europa, do outro, a Ásia, divididas pelo estreito de Bósforo que liga o mar Negro ao mar de Mármara e ainda entra no Corno de Ouro no coração da cidade.

Se juntarmos a isso a riqueza histórica (não nos podemos esquecer que, em épocas distintas, foi capital dos impérios romano oriental, bizantino e otomano) e a modernidade que a torna cosmopolita, não é difícil perceber por que motivo a Costa Cruzeiros fez dela o ponto de partida e de chegada do seu novo itinerário, que navega pela Turquia e pela Grécia.

É dentro do Costa Venezia, o navio escolhido para fazer esta viagem, ancorado no novo terminal de cruzeiros de Galataport, mesmo no centro da cidade, que começamos a sentir o pulsar de Istanbul.

Istambul é uma das cidades mais belas do mundo e tem boas ligações aéreas – Mario Zanetti, presidente da Costa Cruzeiros

Às horas certas, ouve-se o chamamento para as mesquitas; a nossa cabine tem vista para o animado bairro de Karaköy e para a famosa Torre de Galata; do lado contrário, o esquerdo (em linguagem náutica, bombordo), vê-se, ao longe, a zona histórica e a parte asiática, e, claro, observa-se o intenso vaivém de todo o tipo de embarcações no Bósforo, de barcos pequenos de pesca a navios de carga, sem esquecer os ferries e as embarcações turísticas.

Experiências mais completas

“Istambul é uma das cidades mais belas do mundo e tem boas ligações aéreas, além disso, a Turquia tem um grande potencial para cruzeiros e estamos a tentar ser os primeiros a desenvolvê-lo.” É desta forma que Mario Zanetti, presidente da Costa Cruzeiros, justifica  este assentar de arraiais na maior cidade turca.

Quanto ao percurso (ver 3 destinos) pelos vários portos turcos e gregos, diz que é “belíssimo e que permite explorar o Mediterrâneo oriental, menos visitado nos últimos anos”. Este ano a Costa Cruzeiros está a apostar em escalas prolongadas nos portos nos seus variados destinos, caso da paragem em Istambul de dois dias e uma noite.

“Queremos que quem nos escolhe para viajar possa usufruir de experiências em terra mais completas e que se conecte melhor com os destinos, com as atrações turísticas e, especialmente, com a cultura local. É importante que haja tempo para isso”, afirma Mario Zanetti.

Quanto a Istambul, que lugares são imperdíveis? “Bela pergunta, mas a cidade é de tal forma bonita e vai tão além das atrações turísticas que só posso dizer para que se percam pelas suas ruas e vivam a cultura que transparece em cada canto repleto de história”, recomenda.

3 destinos

Entre 1 de maio e 13 de novembro, o Costa Venezia realizará dois itinerários de uma semana na Turquia e Grécia, alternados entre si.

O que fazer em dois dias na cidade de Istambul costa venezia

Costa Venezia

  • O primeiro inclui uma escala de dois dias e uma noite em Istambul, seguindo-se Izmir e Bodrum, ainda na Turquia, ilha de Mykonos e Atenas, já na Grécia;
  • O segundo tem início novamente em Istambul, seguindo, depois para Kusadasi. Nestas duas cidades, as escalas duram dois dias e uma noite, seguindo, depois, para Rodes e Heraklion, na Grécia. Estes dois podem ser combinados numa única viagem de 15 dias;
  • No inverno de 2022-23, este mesmo navio vai realizar um itinerário de 12 dias que passa pela Turquia, Egito, Israel e Chipre. A viagem começa em Istambul (com escala de dois dias e uma noite), e segue para Bodrum, Limassol, Haifa (também com escala de dois dias e uma noite), Alexandria e Kusadasi.

Preço: A partir de 699€.
costacruzeiros.com.pt

Margem oriental

É com este conselho em mente que partimos à descoberta de Istambul. Começamos por uma viagem no Bósforo a bordo do barco de madeira Le Vapeur Magique, com direito a um almoço típico e com vista para as margens europeias e asiáticas da cidade.

Ambas mostram mesquitas, casas de habitação de várias épocas, tamanhos e cores, muitas bandeiras turcas, áreas verdes e ostentosos palácios bizantinos e otomanos. É perto de um deles, já na parte oriental, que o barco nos deixa.

Chama-se Berlerbeye (3,33€) e era a residência de verão dos sultões. Dizem, por isso, ser mais modesto de que outros. Acreditamos, mas aos olhos dos nossos dias, a modéstia é outra coisa.

As carpetes turcas He-reke, os candelabros de cristal Baccarat oriundos de França, peças de porcelana vindas, por exemplo, da China e do Japão são alguns dos objetos que sobressaem à vista. Servia também para receber visitas de Estado, e visitá-lo é uma viagem ao passado.

O ponto mais alto

A poucos quilómetros, situa-se o ponto mais alto da cidade, a colina Çamlıca, da qual se alcança toda a extensa urbe naquele jogo contínuo entre o Velho Continente e a Ásia.

Voltamos a descer em direção ao Bósforo, ainda no bairro de Uscudar, para nos sentarmos por momentos na promenade que, ao fim do dia, se enche de pessoas para verem o pôr do Sol.

As nuvens não deixaram vê-lo em todo o seu esplendor, no entanto, deu para perceber o seu potencial, enquanto os vendedores metiam conversa para vender chá ou café turcos. Dali vê-se a famosa Torre de Leandro, situada numa ilhota, que já teve vários fins e está a sofrer mais uma renovação.

O que fazer em dois dias na cidade de Istambul Torre de Leandro

Torre de Leandro

Está na hora de regressar à Europa e ao Galataport, para desfrutar da noite no Costa Venezia. O jantar é no restaurante Canal Grande, onde nem sequer falta uma gôndola e uma réplica da Ponte dos Suspiros, tal como em Veneza, a cidade que inspira o navio, cuja praça principal de chama, adivinhem, Piazza di San Marco.

Todas as noites, o menu de vários pratos inclui um do destino do dia seguinte, criado exclusivamente para a Costa Cruzeiros por três chefs de renome e com estrelas Michelin: Bruno Barbieri, Hélènem Darroze e Ángel León.

Findo o jantar, é altura de rumar ao Teatro Rosso, inspirado no La Fenice de Veneza, mas a noite termina junto à piscina interior, transformada numa discoteca.

Lição de História

A zona histórica de Istambul, Património Mundial da UNESCO, no lado ocidental da cidade, é a meta do segundo dia. Para lá chegar, é preciso atravessar a Ponte Galata, conhecida pelos seus restaurantes de peixe e pelos pescadores que ali permanecem horas a fio a pescar.

O Hipódromo de Constantinopla, construído à semelhança do Circo Massimo de Roma, serve de ponto de partida para visitar os principais monumentos da cidade. Reza a história que, durante o período bizantino, foi o centro nevrálgico da cidade. Ainda lá estão ruínas romanas e o Obelisco de Teodósio, que veio do Egito.

Hoje, esta praça chama-se Sultanahmet, tal como a mesquita ali ao lado, mais conhecida por Mesquita Azul, devido aos inúmeros azulejos dessa cor que as obras teimam em esconder. Não muito longe, o Palácio de Topkapi (15,50€) é para visitar sem pressas, num entra-e-sai de salas, dispostas nos quatro pátios.

O que fazer em dois dias na cidade de Istambul

Palácio de Topkapi

Durante quatro séculos, foi aqui que viveram os sultões. A biblioteca do sultão é uma das divisões mais bonitas, mas deixe tempo também para os bem tratados jardins coloridos com túlipas.

Logo a passar a primeira porta do palácio, situa-se o restaurante Konyalı, onde é possível provar pratos tradicionais, como o doner kebab. A acompanhar a baklava casa bem o café turco, cujas cafeteiras douradas chamam a atenção no balcão.

Da mesquita para o bazar

Energias retemperadas, é altura de entrar na Grande Mesquita de Santa Sofia, que, depois de 86 anos como museu, voltou às celebrações religiosas em 2020.

A decisão de Erdogan, o presidente da Turquia, foi alvo de muitas críticas, porque este local, que inicialmente foi uma igreja, era símbolo do ecumenismo religioso que sempre caracterizou Istambul.

Continua a ser possível visitá-la fora das horas das orações (só terá de tirar os sapatos e cobrir os cabelos, se for mulher, tal como acontece na Mesquita Azul). Lá dentro, as colunas de mármore, as cúpulas e os mosaicos impressionam.

Depois, desta lição de História, é altura de percorrer as ruas movimentadas que nos levam ao Grande Bazar. Lojas, restaurantes, pastelarias, gelatarias, onde servir um gelado é quase um espetáculo de malabarismo, e multidões fazem parte do cenário.

O que fazer em dois dias na cidade de Istambul Grande Bazar

Grande Bazar

No ar, sente-se o aroma a castanhas e a milho assados e à carne dos kebabs. No Grande Bazar, o melhor é não ter um rumo definido e dominar a arte de bem regatear, se quiser comprar algo. Lá dentro, há de tudo, desde candeeiros a tapeçarias, marroquinaria, especiarias, sabonetes, relógios e joias.

Um banho diferente

Uma vez em Istambul, há que experimentar o banho turco. No hamam AyasoÌa Hurrem Sultan, cheira a rosas e, mal entramos nas salas de mármore, uma senhora vem ter connosco.

O ritual começa com uma esfoliação à prova de qualquer sujidade, à qual se segue uma massagem feita com tanta espuma que nos envolve numa espécie de nuvem.

Antes de deixarmos esta zona da cidade, há ainda tempo para assistirmos à Cerimónia Sema Mevlevi. Numa sala redonda, no centro cultural de Hodjapasha, algumas legendas vão-nos guiando nesta oração sufista, mas é a música, a voz e a dança que nos emociona.

O que fazer em dois dias na cidade de Istambul Cerimónia Sema Mevlevi

Dervixes

De braços no ar e a girar sobre o pé esquerdo numa sincronia perfeita, os dervixes rodopiam com a suas saias redondas.

Podemos não atingir a transcendência espiritual daqueles homens, mas que é uma viagem, lá isso é. É nesta espécie de encantamento que voltamos para o navio.

Na Gelateria Amarillo, deliciamo-nos com um gelado artesanal italiano produzido a bordo com ingredientes orgânicos.

Chegada a hora do jantar, é altura de rumar a um dos restaurantes temáticos do Costa Venezia, o Teppanyaki. Os pratos são preparados no momento pelos chefs que cantam e fazem acrobacias enquanto cozinham.

Já em contagem decrescente para deixar Istambul, é altura de desfrutar dos bares do navio e das suas esplanadas.

No interior, há música ao vivo; no exterior, há uma Istambul iluminada, que já nos está a deixar saudades…

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 265, julho de 2022.

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