© Paula Sá
#Powerworkgirls. Paula Sá, um dos rostos de yoga facial em Portugal

#Powerworkgirls. Paula Sá, um dos rostos de yoga facial em Portugal

Inspirada na cultura francesa da beleza natural, Paula Sá encontrou no yoga facial uma forma de melhorar a sua aparência e autoestima através de uma abordagem holística. Falámos com a especialista para conhecer melhor o seu percurso.

Por Jun. 18. 2025

Foi num momento de maior adversidade que Paula Sá tropeçou num sonho que se tornaria a sua carreira, a sua imagem de marca. Cuidadora nata, não tivesse dedicado 16 anos da sua vida à fisioterapia, e apaixonada pela cosmética natural, muito devido à influência da cultura da beleza orgânica que experienciou enquanto vivia em França, não é de admirar que se tenha tornado um dos rostos da yoga facial em Portugal.

Uma aposta que começou em 2020 com a criação do projeto Face Yoga Paula Sá e que atualmente conta com uma academia de professores, diversas plataformas nas redes sociais, uma comunidade unida de alunas, um podcast, o livro Yoga Facial – O Método de Autocuidado para Rejuvenescer de Forma Natural e ainda uma marca de beleza holística.

Yoga Facial – O Método de Autocuidado para Rejuvenescer de Forma Natural, de Paula Sá (Nascente)

©D.R

Conversámos com a especialista em yoga facial para conhecer melhor o seu percurso, os projetos atuais e o que o futuro lhe reserva.

Entrevista a Paula Sá, especialista em yoga facial

Já conhecia a prática de yoga facial antes de começar a trabalhar na área?

Comecei a praticar primeiro em mim, mas foi tudo muito rápido e comecei logo a criar as redes sociais. Fui fisioterapeuta durante 16 anos, 12 dos quais em França, mas já era apaixonada pela cosmética natural e já tinha tirado um curso de estética natural, em 2007, antes de ir para França.

Em França há toda uma cultura do natural e da beleza orgânica diferente do que há aqui [em Portugal] e da exigência da sustentabilidade, e a minha vida foi muito mudada, os meus hábitos, as minhas rotinas de skincare foram completamente mudadas lá, devido a todo este ambiente que eu tinha à volta.

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O que me aconteceu também é que estava há muitos anos desmotivada, a nível profissional, com a fisioterapia, e o que é que eu fazia quando estava desmotivada? Ia fazer cursos. E ao fazer cursos para me sentir mais motivada, fiz um de yogaterapia na saúde da mulher. Estava a pesquisar yogaterapia para o cancro da mama, e nessas pesquisas apareceu-me o yoga facial.

Percebi que aquilo tinha muito potencial, porque era trabalhar os músculos faciais, o nosso rosto tem mais de 50 músculos, e são estes músculos que dão firmeza ao rosto, não é?

A Paula descobriu os benefícios do yoga facial em primeira mão, como nos disse, depois de ser mãe pela segunda vez. 

Sim. Já tinha passado um ano do pós-parto, que foi quando engordei 20 quilos, depois emagreci os 20 quilos, mas o meu rosto estava flácido, estava cansado, não tinha aquele ar fresco. E disse “Olha, se calhar é mesmo assim, faz parte da vida, aceita que dói menos”. E depois com o yoga facial percebi rapidamente que não era assim, que eu podia trabalhar o rosto.

Claro que não tinha rugas super vincadas, mas tinha o rosto muito descaído e já tinha duplo queixo, tinha muitos papos e olheiras. Então aqui eu percebi que se eu, com 37 anos, em 15 dias já estava a notar diferenças no meu rosto, tinha de trazer isto para cá para fora, tinha de divulgar.

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E foi aí que criei as redes sociais. Ainda estava a viver em França, a trabalhar no hospital, com duas crianças muito pequeninas, uma a amamentar e outra na pré-escolar, dependentes, sem rede familiar e a criar este projeto. Pensei em desistir muitas vezes mesmo, porque estava a abdicar imenso tempo da família, mas havia algo em mim que eu não sei explicar… Tinha de continuar.

Lançou recentemente uma marca de cosmética holística, a Pura Alma, com um óleo vegetal. Como surgiu esta ideia?

Para fazer os exercícios faciais, ou seja, tudo que é aqueles movimentos [com os músculos do rosto] eu consigo fazer com um creme, mas quando quero ir mais a fundo na massagem facial [que é totalmente diferentes dos exercícios faciais], sinto a necessidade de usar um óleo vegetal, porque o creme acaba por esfarelar. E os óleos vegetais puros são incríveis, mas cheguei a uma fase em que comecei a criar misturas de óleos vegetais e a pensar “porque não criar um óleo vegetal?”.

E foi assim que nasceu o Jasmine Intense NutriGlow, que é produzido em Portugal.

Sim, ele é super completo, é no fundo uma mistura de óleos vegetais nobres como Camélia Japónica, Marula e Calêndula. São aqueles óleos vegetais que não se encontram nas lojas tradicionais e que são extremamente ricos para a pele, com extratos botânicos puros, é tudo orgânico. E também misturei Bakuchiol, um substituto vegetal do retinol que tem a vantagem de poder ser utilizado na gravidez e a qualquer hora do dia porque não reage ao sol, e os estudos mostram que ele é igualmente eficaz. É muito promissor porque dá para utilizar quem tem rosácea, quem tem pele mais reativa.

Ele é muito rico mesmo, muito nutritivo, mas absorve rapidamente, ou seja, uma pele mista tolera super bem, eu tenho a pele mista e uso todos os dias, mais do que uma vez. Também é altamente regenerante. Por outro lado, não coloquei óleos essenciais porque sei que nem toda a gente tolera. Ele tem um aroma incrível, mas não é fragrância, é mesmo do extrato puro de jasmim.

Como funcionam, tecnicamente, os exercício  de yoga facial?

Se eu quiser uma perna tonificada e firme vou fazer exercícios, e quando quero um rosto firme, a tendência que temos é comprar uma máscara XPTO. Mas estamos só a trabalhar a pele. Os músculos que estão por baixo continuam descaídos. Portanto, nós quando queremos trabalhar a firmeza, é trabalhar os músculos, fortalecê-los. Trabalhava já há muitos anos, enquanto fisioterapeuta, com os músculos faciais. Eu já tinha este conhecimento. Então foi só adaptá-lo.

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Quem procura mais juntar-se ao projeto Face Yoga Paula Sá?

Olha, eu acho que tenho muitas pessoas a partir dos 45 anos. No entanto, eu queria mudar isso porque estou a notar que as pessoas com 20 anos já estão a recorrer a preenchimentos quando nós podemos preencher com o trabalho muscular. Por exemplo, esta zona aqui [indica a zona das olheiras] é músculo. O músculo vai perdendo a sua forma e vai ficando fino. Mas eu tonificando o músculo, ele aumenta o seu volume, então vai preencher de forma natural sem ser necessário recorrer a preenchimentos. Queria trazer esta consciência um bocadinho mais para as pessoas mais jovens.

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Quem me procura também são pessoas que muitas vezes nem se sabem cuidar em termos de skincare. Pessoas que não cuidavam muito de si, mas que disseram “chegou a minha vez”, e também tem pessoas que adoram cuidar de si mas não querem recorrer a nada que é mais artificial.

Até porque encontramos no yoga facial uma abordagem totalmente holística, não é?

Enquanto o yoga facial implica dedicação, implica que eu faça, pelo menos, cerca de 5 vezes por semana, uma rotina que pode ser de 5 a 10 minutos. Tudo aquilo que realmente nos vai trazer autoestima, que nos vai trazer amor próprio, tudo aquilo que vale a pena na nossa vida, existe dedicação. E depois há uma pressão gigante nas mulheres hoje em dia.

O que nos está a acontecer hoje em dia é que a beleza está cheia de filtros, de edições, de imagens que são feitas, nada daquilo que vemos nas redes sociais é espontâneo, nada daquilo é real. Nós estamos a comparar-nos e a ter ideais de beleza que não existem, e isto leva a uma diminuição da autoestima.

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Felizmente cresci sem redes sociais na adolescência, portanto não me afeta da mesma forma, mas afeta muitas mulheres e afeta muitas mulheres da minha idade que têm visibilidade, afeta a nível do posto de trabalho também. Se uma mulher se cuida e exagera nos procedimentos está artificial, mas se a mulher não se cuida é porque é uma desleixada. Com quem me acompanha eu apareço sem filtros, apareço sem maquilhagem, é o que é real.

Podemos dizer que a melhoria da autoestima é um efeito secundário de quem pratica yoga facial?

A comunidade é um lugar seguro. Falámos de um pormenor que é a aceitação. E é isso mesmo. É aceitarmo-nos, aceitarmos que estamos a envelhecer, faz parte, é um processo. Temos de ser gratos por estarmos aqui, porque nem toda a gente tem este privilégio. No entanto, também há esta questão: é aceitação, mas não é ser negligente. Ou seja, eu aceito as mudanças, mas eu cuido de mim. Vou fazer 42 anos e quero estar o melhor possível para a minha idade, a nível de rosto, a nível físico, a nível geral. Não quero aparentar os meus 18 anos. E isto é que as pessoas têm de perceber.

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Quando estou a cuidar de mim, estou a gostar mais de mim, ou seja, de forma indireta nós trabalhamos a autoestima. É isto que eu quero passar às minhas alunas. Se eu cuido de mim, então começo a gostar mais de mim, como eu gosto mais de mim, eu vou cuidar ainda mais e melhor de mim.

Então é um processo que vai acontecendo a nível interno com a prática de yoga facial. Nós quando começamos a praticar yoga facial, vamos ser sinceros, é por causa da estética, e depois este benefício que vem de forma indireta é o melhor de todos.

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