
#Powerworkgirls. Paula Sá, um dos rostos de yoga facial em Portugal
Inspirada na cultura francesa da beleza natural, Paula Sá encontrou no yoga facial uma forma de melhorar a sua aparência e autoestima através de uma abordagem holística. Falámos com a especialista para conhecer melhor o seu percurso.
Foi num momento de maior adversidade que Paula Sá tropeçou num sonho que se tornaria a sua carreira, a sua imagem de marca. Cuidadora nata, não tivesse dedicado 16 anos da sua vida à fisioterapia, e apaixonada pela cosmética natural, muito devido à influência da cultura da beleza orgânica que experienciou enquanto vivia em França, não é de admirar que se tenha tornado um dos rostos da yoga facial em Portugal.
Uma aposta que começou em 2020 com a criação do projeto Face Yoga Paula Sá e que atualmente conta com uma academia de professores, diversas plataformas nas redes sociais, uma comunidade unida de alunas, um podcast, o livro Yoga Facial – O Método de Autocuidado para Rejuvenescer de Forma Natural e ainda uma marca de beleza holística.
Conversámos com a especialista em yoga facial para conhecer melhor o seu percurso, os projetos atuais e o que o futuro lhe reserva.
Entrevista a Paula Sá, especialista em yoga facial
Já conhecia a prática de yoga facial antes de começar a trabalhar na área?
Comecei a praticar primeiro em mim, mas foi tudo muito rápido e comecei logo a criar as redes sociais. Fui fisioterapeuta durante 16 anos, 12 dos quais em França, mas já era apaixonada pela cosmética natural e já tinha tirado um curso de estética natural, em 2007, antes de ir para França.
Em França há toda uma cultura do natural e da beleza orgânica diferente do que há aqui [em Portugal] e da exigência da sustentabilidade, e a minha vida foi muito mudada, os meus hábitos, as minhas rotinas de skincare foram completamente mudadas lá, devido a todo este ambiente que eu tinha à volta.
O que me aconteceu também é que estava há muitos anos desmotivada, a nível profissional, com a fisioterapia, e o que é que eu fazia quando estava desmotivada? Ia fazer cursos. E ao fazer cursos para me sentir mais motivada, fiz um de yogaterapia na saúde da mulher. Estava a pesquisar yogaterapia para o cancro da mama, e nessas pesquisas apareceu-me o yoga facial.
Percebi que aquilo tinha muito potencial, porque era trabalhar os músculos faciais, o nosso rosto tem mais de 50 músculos, e são estes músculos que dão firmeza ao rosto, não é?
A Paula descobriu os benefícios do yoga facial em primeira mão, como nos disse, depois de ser mãe pela segunda vez.
Sim. Já tinha passado um ano do pós-parto, que foi quando engordei 20 quilos, depois emagreci os 20 quilos, mas o meu rosto estava flácido, estava cansado, não tinha aquele ar fresco. E disse “Olha, se calhar é mesmo assim, faz parte da vida, aceita que dói menos”. E depois com o yoga facial percebi rapidamente que não era assim, que eu podia trabalhar o rosto.
Claro que não tinha rugas super vincadas, mas tinha o rosto muito descaído e já tinha duplo queixo, tinha muitos papos e olheiras. Então aqui eu percebi que se eu, com 37 anos, em 15 dias já estava a notar diferenças no meu rosto, tinha de trazer isto para cá para fora, tinha de divulgar.
E foi aí que criei as redes sociais. Ainda estava a viver em França, a trabalhar no hospital, com duas crianças muito pequeninas, uma a amamentar e outra na pré-escolar, dependentes, sem rede familiar e a criar este projeto. Pensei em desistir muitas vezes mesmo, porque estava a abdicar imenso tempo da família, mas havia algo em mim que eu não sei explicar… Tinha de continuar.
Lançou recentemente uma marca de cosmética holística, a Pura Alma, com um óleo vegetal. Como surgiu esta ideia?
Para fazer os exercícios faciais, ou seja, tudo que é aqueles movimentos [com os músculos do rosto] eu consigo fazer com um creme, mas quando quero ir mais a fundo na massagem facial [que é totalmente diferentes dos exercícios faciais], sinto a necessidade de usar um óleo vegetal, porque o creme acaba por esfarelar. E os óleos vegetais puros são incríveis, mas cheguei a uma fase em que comecei a criar misturas de óleos vegetais e a pensar “porque não criar um óleo vegetal?”.
E foi assim que nasceu o Jasmine Intense NutriGlow, que é produzido em Portugal.
Sim, ele é super completo, é no fundo uma mistura de óleos vegetais nobres como Camélia Japónica, Marula e Calêndula. São aqueles óleos vegetais que não se encontram nas lojas tradicionais e que são extremamente ricos para a pele, com extratos botânicos puros, é tudo orgânico. E também misturei Bakuchiol, um substituto vegetal do retinol que tem a vantagem de poder ser utilizado na gravidez e a qualquer hora do dia porque não reage ao sol, e os estudos mostram que ele é igualmente eficaz. É muito promissor porque dá para utilizar quem tem rosácea, quem tem pele mais reativa.
Ele é muito rico mesmo, muito nutritivo, mas absorve rapidamente, ou seja, uma pele mista tolera super bem, eu tenho a pele mista e uso todos os dias, mais do que uma vez. Também é altamente regenerante. Por outro lado, não coloquei óleos essenciais porque sei que nem toda a gente tolera. Ele tem um aroma incrível, mas não é fragrância, é mesmo do extrato puro de jasmim.
Como funcionam, tecnicamente, os exercício de yoga facial?
Se eu quiser uma perna tonificada e firme vou fazer exercícios, e quando quero um rosto firme, a tendência que temos é comprar uma máscara XPTO. Mas estamos só a trabalhar a pele. Os músculos que estão por baixo continuam descaídos. Portanto, nós quando queremos trabalhar a firmeza, é trabalhar os músculos, fortalecê-los. Trabalhava já há muitos anos, enquanto fisioterapeuta, com os músculos faciais. Eu já tinha este conhecimento. Então foi só adaptá-lo.
Quem procura mais juntar-se ao projeto Face Yoga Paula Sá?
Olha, eu acho que tenho muitas pessoas a partir dos 45 anos. No entanto, eu queria mudar isso porque estou a notar que as pessoas com 20 anos já estão a recorrer a preenchimentos quando nós podemos preencher com o trabalho muscular. Por exemplo, esta zona aqui [indica a zona das olheiras] é músculo. O músculo vai perdendo a sua forma e vai ficando fino. Mas eu tonificando o músculo, ele aumenta o seu volume, então vai preencher de forma natural sem ser necessário recorrer a preenchimentos. Queria trazer esta consciência um bocadinho mais para as pessoas mais jovens.
Quem me procura também são pessoas que muitas vezes nem se sabem cuidar em termos de skincare. Pessoas que não cuidavam muito de si, mas que disseram “chegou a minha vez”, e também tem pessoas que adoram cuidar de si mas não querem recorrer a nada que é mais artificial.
Até porque encontramos no yoga facial uma abordagem totalmente holística, não é?
Enquanto o yoga facial implica dedicação, implica que eu faça, pelo menos, cerca de 5 vezes por semana, uma rotina que pode ser de 5 a 10 minutos. Tudo aquilo que realmente nos vai trazer autoestima, que nos vai trazer amor próprio, tudo aquilo que vale a pena na nossa vida, existe dedicação. E depois há uma pressão gigante nas mulheres hoje em dia.
O que nos está a acontecer hoje em dia é que a beleza está cheia de filtros, de edições, de imagens que são feitas, nada daquilo que vemos nas redes sociais é espontâneo, nada daquilo é real. Nós estamos a comparar-nos e a ter ideais de beleza que não existem, e isto leva a uma diminuição da autoestima.
Felizmente cresci sem redes sociais na adolescência, portanto não me afeta da mesma forma, mas afeta muitas mulheres e afeta muitas mulheres da minha idade que têm visibilidade, afeta a nível do posto de trabalho também. Se uma mulher se cuida e exagera nos procedimentos está artificial, mas se a mulher não se cuida é porque é uma desleixada. Com quem me acompanha eu apareço sem filtros, apareço sem maquilhagem, é o que é real.
Podemos dizer que a melhoria da autoestima é um efeito secundário de quem pratica yoga facial?
A comunidade é um lugar seguro. Falámos de um pormenor que é a aceitação. E é isso mesmo. É aceitarmo-nos, aceitarmos que estamos a envelhecer, faz parte, é um processo. Temos de ser gratos por estarmos aqui, porque nem toda a gente tem este privilégio. No entanto, também há esta questão: é aceitação, mas não é ser negligente. Ou seja, eu aceito as mudanças, mas eu cuido de mim. Vou fazer 42 anos e quero estar o melhor possível para a minha idade, a nível de rosto, a nível físico, a nível geral. Não quero aparentar os meus 18 anos. E isto é que as pessoas têm de perceber.
Quando estou a cuidar de mim, estou a gostar mais de mim, ou seja, de forma indireta nós trabalhamos a autoestima. É isto que eu quero passar às minhas alunas. Se eu cuido de mim, então começo a gostar mais de mim, como eu gosto mais de mim, eu vou cuidar ainda mais e melhor de mim.
Então é um processo que vai acontecendo a nível interno com a prática de yoga facial. Nós quando começamos a praticar yoga facial, vamos ser sinceros, é por causa da estética, e depois este benefício que vem de forma indireta é o melhor de todos.