Bem-estar

Um estilo de vida mais sustentável não tem de ser mais caro e pode até ajudar-nos a poupar

A crença de que é preciso gastar mais dinheiro para se ser mais sustentável ainda constitui um entrave para alguns adotarem um estilo de vida mais consciente ambientalmente. A verdade é que tem tudo a ver com poupança de recursos e, neste artigo, vou explicar-lhe como o fazer.

Untitled-7 Untitled-7 Untitled-7
Um estilo de vida mais sustentável não tem de ser mais caro e pode até ajudar-nos a poupar Um estilo de vida mais sustentável não tem de ser mais caro e pode até ajudar-nos a poupar
© GRAFISMO: SARA MARQUES/© shutterstock
Rita Tapadinhas
Escrito por
Abr. 18, 2022

Quem está a iniciar o seu caminho para um estilo de vida mais sustentável pode deparar-se, por vezes, com uma crença que se foi dispersando e que associa a sustentabilidade a um maior custo de vida. Ora é devido às garrafas reutilizáveis com filtro incorporado, ora são os talheres de bambu e as marmitas de inox, ora são as bolsas de silicone para conservar os alimentos, etc.

Os objetos e opções que foram dando a fama de “dispendioso” ao estilo de vida mais sustentável são apenas uma parte – diria uma pequena parte – da equação.

Um estilo de vida mais sustentável deve ter por base o respeito e valorização dos recursos do planeta e um uso consciente dos mesmos
Rita Tapadinhas Rita Tapadinhas

A extração e utilização desmesurada dos recursos do planeta levou-nos ao ponto em que estamos atualmente e, consequentemente, um estilo de vida sustentável tenta combater exatamente esta tendência. Isto pressupõe que o consumo é feito de forma regrada e que o desperdício é evitado.

Ao aplicarmos estes princípios ao nosso dia a dia, vamos acabar por reutilizar e fazer durar muito mais aquilo que temos, reduzir o consumo desnecessário e ser mais seletivos com aquilo que escolhemos consumir.

Há várias escolhas óbvias que ligam a poupança à sustentabilidade – basta olharmos para os hábitos simples da redução do consumo e desperdício de água, energia e combustível. No entanto, percebo que as dúvidas e os mitos surgem quando pensamos nos objetos que sentimos que temos de ter, por estarem associados ao estilo de vida mais sustentável.

Muitos dos objetos “clássicos” do estilo de vida mais sustentável podem ser substituídos por alternativas mais acessíveis e, a médio/longo prazo, são um investimento que compensa financeiramente. Ora veja.

Objetos que podem ser substituídos por alternativas mais acessíveis

As garrafas reutilizáveis podem ser algo tão simples quanto um frasco de vidro de sumo ou de polpa de tomate, por exemplo. Por outro lado, mesmo que prefira investir numa garrafa reutilizável, imaginando que esta tem um custo de 15€ e que as garrafas de plástico que costuma comprar têm um custo de 0,20€, ao fim de 75 utilizações já estará a compensar o seu investimento;

Um saco reutilizável pode ser feito a partir de uma t-shirt antiga mas, se preferir investir num, e assumindo um preço de 10€, ao fim de 100 utilizações o valor será compensado;

O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos discos desmaquilhantes (que podem ser substituídos por recortes de uma toalha de banho antiga), guardanapos (que podem ser feitos a partir de uma toalha de mesa que não utilize), os tapetes de forno de silicone (que substituem o papel vegetal), e, no fundo, a todos os objetos reutilizáveis que visam substituir descartáveis.

Os hábitos subjacentes a um estilo de vida mais sustentável podem constituir também uma fonte de poupança financeira, não apenas ambiental
Rita Tapadinhas Rita Tapadinhas

Não raras vezes, ao olharmos para hábitos de gerações antigas, conseguimos identificar costumes que, tendo na altura uma motivação principalmente de poupança financeira, são agora práticas “mestras” de sustentabilidade individual.

O hábito de reparar e remendar peças de roupa e outros objetos, fazendo-os durar por muito mais tempo, é um exemplo claro disto. Outro exemplo claro é o aproveitamento dos alimentos ao máximo e a redução dos “restos” desperdiçados.

Uma prática que tem vindo a tornar-se novamente comum é a compra de objetos em segunda mão – o que, para além de representar frequentemente uma forma de compra com um menor custo, implica também que não estão a ser usados novos recursos para produzir os bens adquiridos.

Para além disso, mesmo que se opte, ocasionalmente, por compras em primeira mão a marcas com maior responsabilidade social e ambiental, estas deverão ter uma maior qualidade e durabilidade, podendo, assim, ocupar uma percentagem mais reduzida do orçamento a médio-prazo.

Um outro hábito que pode igualmente ter um impacto positivo a nível ambiental, para além de poder ser uma boa fonte de poupança financeira, é a alimentação de base vegetal.

Segundo informações de Comissão Europeia, por exemplo, uma dieta vegetariana na Europa pode reduzir entre 27% e 41% o consumo de água, dependendo da zona geográfica.

Os alimentos de origem vegetal estão também, geralmente, associados a uma pegada ecológica e carbónica inferior aos de origem animal. Se basearmos esta alimentação em leguminosas como fonte de proteína, e numa baixa utilização de produtos processados, a poupança pode ser significativa.

Como viu, o verdadeiro estilo de vida mais sustentável anda de mãos dadas com a poupança. Tendo por base uma filosofia de respeito pelos recursos do planeta, não poderia ser de outra forma.

Rita Tapadinhas formou-se em Gestão, e foi quando começou a trabalhar que se tornou cada vez mais alerta para os problemas ambientais. Em 2019 criou o Plant a Choice, um projeto que pretende alertar para os problemas ambientais e mostrar, de forma prática, como podemos tornar os nossos hábitos diários mais ecológicos e sustentáveis. Atualmente, @plant.a.choice (no Instagram) conta também com um podcast e dois e-books.

Últimos