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Modelador de rosto da Skims: será que funciona? Uma cirurgiã plástica responde

Modelador de rosto da Skims: será que funciona? Uma cirurgiã plástica responde

Custa 62 euros e é a mais recente invenção de Skims, a marca de Kim Kardashian. Já esgotou no site, mas será que funciona mesmo?

Por Ago. 4. 2025

Kim Kardashian conseguiu, mais uma vez, espantar o mundo (pelos menos por alguns segundos, o que a este ponto do campeonato se torna cada vez mais difícil), desta feita com o lançamento de um novo produto da sua marca Skims: o Face Wrap.

Trata-se de um acessório facial, alegadamente com fios de colagénio na sua composição, que promete “modelar e esculpir o rosto”, conforme se lê no site da marca. Sem surpresas, os internautas mostraram-se céticos nas redes sociais, suspeitando da eficácia deste “produto milagroso”.

Curiosas, falámos com Sofia Carvalho, cirurgiã plástica e estética da clínica Lisbon Plastic Surgery, para colocar os pontos no is.

Face Wrap da Skims. Será que funciona?

O novo Face Wrap da Skims afirma “modelar e esculpir o rosto com uma compressão forte e direcionada”. É muito parecido às faixas que são usadas no pós-operatório de cirurgias faciais. Do ponto de vista clínico, existe alguma evidência de que seja realmente eficaz?

Não existe nenhuma evidência científica que sustente que as faixas de compressão facial possam modelar e esculpir o rosto ou apresentar outros benefícios.

De facto, estas faixas ou mentoneiras são usadas no pós-operatório de cirurgias e procedimentos faciais e do pescoço com benefícios evidentes e comprovados no controlo do edema (inchaço), na prevenção de complicações como hematomas e seromas e na melhoria da cicatrização, durante este período. No contexto cirúrgico, o uso é controlado, com tempo e indicação específicos.

Apesar das controvérsias, poderá existir algum benefício real na utilização deste produto, mesmo que apenas a curto prazo? 

Quando se remove a faixa após uma noite de utilização há uma melhoria aparente por compressão de tecidos moles, no entanto, esta melhoria ligeira esbate-se num curto espaço de tempo (minutos a horas), dependendo do grau de flacidez da pele. A principal melhoria é no contorno mandibular e pescoço que se apresentam temporariamente mais definidos. São as áreas onde a compressão se dá de forma mais eficaz e como tal, há uma redução do inchaço matinal no imediato e aparente efeito de lifting.

Sofia Carvalho, cirurgiã plástica e estética da clínica Lisbon Plastic Surgery.

©D.R

Existem riscos associados ao uso prolongado deste tipo de modelador facial?

A faixa faz uma compressão das regiões laterais da face e pescoço, deixando a parte central do rosto livre de compressão. Dessa forma, com a sua utilização prolongada poderá notar aumento do inchaço nas regiões periocular, malar e peribucal, que são as áreas sem compressão. Na prática poderá resultar no inchaço das olheiras (bolsas e papos), bochechas e lábios.

Também poderão surgir linhas de demarcação entre a zona não comprimida e a zona sob compressão. Dependendo do grau de compressão (que será determinado pelo utilizador sem qualquer supervisão médica), poderão existir complicações relacionadas com compressão nervosa, vascular e alergias.

O Face Wrap conta alegadamente com a presença de “fios de colagénio”, sendo o tecido seja 81 por cento poliamida e 19 por cento elastano. É possível que estes “fios de colagénio” tenham alguma ação benéfica na pele?

De facto, olhando para a composição do produto não é claro o que significa ter “fios de colagénio”. Além do mais, o colagénio é uma molécula que não penetra na pele e, como tal, não adicionaria algum benefício à faixa.

Este tipo de acessório tem vindo a reaparecer ciclicamente na indústria da beleza. Na sua perspetiva, por que razão continuamos a assistir ao ressurgimento de produtos como este?

Numa sociedade pautada pelo culto à juventude e à beleza, o lançamento de produtos por figuras públicas ícones dessa juventude e beleza, funciona como estratégias de marketing para a venda de produtos que se revelam inúteis e desnecessários.

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