Bem-estar

Crónica. Dicas para aprender a meditar em apenas 6 passos

Nem só de torções e posturas dinâmicas vive a prática do yoga. E o yoga mais difícil e mais exigente não envolve pranchas nem chaturangas. O professor e cronista da Saber Viver, Jean-Pierre de Oliveira, fala-nos sobre como aprender a meditar.

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Crónica. Dicas para aprender a meditar em apenas 6 passos Crónica. Dicas para aprender a meditar em apenas 6 passos
© Getty Images
Jean-Pierre de Oliveira, cronista
Escrito por
Abr. 25, 2020

É no yoga que nos devolve a nós próprios e nos liga à nossa consciência que está o verdadeiro desafio. Mas também é aqui que está a melhor recompensa: o (re)encontro com o nosso eu e a vontade e a força para viver no presente.

Meditar é o caminho e, para ajudar, aqui vão algumas dicas.

Como aprender a meditar em 6 passos

1. Se não souber como aquietar a sua mente, observe a sua respiração

Uma das formas mais eficazes de parar, ou melhor dizer, abrandar o fluxo dos pensamentos é desconstruir a sua respiração, contando inspirações e expirações.

Inspire sempre em metade dos tempos em que expira, permitindo que o ar passe pelo seu corpo e ajude à expansão da caixa torácica. Ao abrandar a respiração, o fluxo de pensamentos também vai abrandar, os batimentos cardíacos ficam mais coerentes e regulares.

2. Aonde quer que esteja, esteja inteira, totalmente presente

Liberte-se das angústias do passado e das preocupações com o futuro. Foque-se no aqui e no agora.

Não se cobre nem se vitimize se não conseguir. Mantenha-se focada em regressar com a sua atenção ao seu propósito, à sua intenção inicial, ao que se disponibilizou a fazer agora.

No yoga, o relaxamento é igualmente induzido pela mente, o que vai permitir um alongamento mais profundo ao corpo
Jean-Pierre de Oliveira Jean-Pierre de Oliveira

3. A postura é importante

Sentar-se é a melhor opção. Mas prefira uma postura em que mantenha os seus músculos ativos.

Existem três níveis de posturas de pernas cruzadas:

O primeiro nível é sukasana, pernas cruzadas “à chinês”.

O segundo nível é siddhasana, com os calcanhares alinhados com o períneo.

O terceiro nível é padmasana, lótus e meio lótus.

A postura de lótus é a mais conhecida, mas também a mais difícil de conseguir e manter.

Sente-se de costas retas e cruze as pernas. Coloque o peito do pé esquerdo sobre a coxa direita e o peito do pé direito sobre a coxa esquerda. As mãos devem estar com as palmas voltadas para cima e uma sobre a outra, apoiadas sobre o colo.

Se não tiver a flexibilidade que esta postura exige, prefira a postura meio lótus. Com os pés apoiados sobre os seus gémeos, em vez das suas coxas.

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Escolha a posição que escolher, tenha sempre o cuidado de rodar os ombros para cima e para trás em vez de esticar a base da coluna.

Se preferir usar o momento de relaxamento da sua prática de yoga (savasana) para meditação, também pode. Certifique-se apenas que o seu corpo está com a coluna alinhada e as duas omoplatas colocadas no solo.

A lombar deve estar com sua curvatura natural e as pernas ligeiramente afastadas, com os pés voltados para fora. A palma da mão deve estar voltada para cima, forçando as omoplatas a manterem-se firmes no solo, mas ativas.

Se tiver problemas na zona lombar, as pernas ficam fletidas, com os joelhos juntos e os pés afastados mais do que a largura das ancas.

Nestes alongamentos, o sangue deixa de estar concentrado nos músculos e o músculo permanece solto, relaxando por mais tempo. No yoga, o relaxamento é igualmente induzido pela mente, o que vai permitir um alongamento mais profundo ao corpo.

4. Use um mudra

São gestos simples, carregados de um simbolismo especial, que ajudam a entrar no estado meditativo e facilitam o desapego sensorial que é necessário à meditação.

Há três mudras mais utilizados:

Chin Mudra – ideal para iniciantes que ainda sentem dificuldade em focar-se, é a simples união das pontas dos dedos do polegar e indicador, com a palma da mão voltada para cima.

Jnana Mudra – em sânscrito significa sinal de conhecimento e é talvez o mudra mais popular. Também liga o polegar ao indicador, mas aqui é a parte interior do polegar que se liga com a parte exterior do indicador.

Dyana Mudra – é o mudra de eleição para a posição de lótus. Uma mão é colocada sobre a outra, ambas em côncavo e ambas com a palma voltada para cima.

Depois de assumir a postura com a qual se sente mais confortável, volte a sua atenção para a sua respiração ou tente concentrar-se no ponto entre as suas sobrancelhas. Volte-se para dentro.

A tomada de consciência é o segredo. Elimine o ‘ruído’ que tolda as suas emoções e decisões. Isso é meditar
Jean-Pierre de Oliveira Jean-Pierre de Oliveira

5. Comece com 5 minutos por dia

Meditar é estar focado, com uma atenção plena e no presente. Mas são muitas as distrações e nem sempre é fácil libertar-se de todas.

Comece devagar, com cinco minutos por dia. Crie a rotina e rapidamente verá como as coisas se tornam mais fáceis e como tudo vai começar a parecer-lhe natural.

6. Use a auto-sugestão

No yoga, este princípio é chamado de sankalpa (resolução). Repita uma ideia na sua cabeça, verbalize-a e consciencialize-se do seu poder.

Esse sankalpa penetra no subconsciente, fortalecendo a estrutura da mente e despertando as forças latentes que facilitarão a realização dos nossos objetivos.

De um modo geral, o ato consiste em ativar as qualidades positivas que existem dentro de nós, mas que permanecem bloqueadas no nosso subconsciente.

A tomada de consciência é o segredo. Centre-se nos factos e não na sua interpretação (e imaginação) dos factos. E elimine o ‘ruído’ que tolda as suas emoções e decisões. Isso é meditar.

Jean-Pierre de Oliveira é professor de yoga, autor e um earth activist. A sua inspiradora abordagem ao yoga adapta esta sabedoria antiga à vida dos ioguis modernos como um estilo de vida além das aulas. É conhecido pelo seu estilo genuíno de ensino e instrução técnica profissional reconhecida que o tem levado a participar em diversos eventos.

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